ALMA EM SUPLÍCIO (MILDRED PIERCE)

O título original é o nome da personagem interpretada pela grande (e bela) Joan Crawford. Sem comentários o melodramático título em português. Este é um filme muito interessante, entre os vários de qualidade produzidos na década de 40 (no caso, foi feito em 1945), tendo sido indicado a 6 Oscars: Melhor Filme, Atriz, Atrizes coadjuvantes (Eve Arden e Ann Blyth), Roteiro adaptado e Fotografia em P&B. Ganhou o de Atriz para Joan Crawford, uma das grandes estrelas da Era de Ouro de Hollywood  (Johnny Guitar…). O diretor do filme foi Michael Curtiz (Casablanca…). Na primeira cena vemos um assassinato, mas não quem matou e a partir daí a história toda é contada, com muitos flash backs e o (a) assassino (a) algo a ser descoberto, sendo esse um dos subtextos, junto com o das relações amorosas. Porque, na verdade, o eixo central da história (o fato do qual todos os acontecimentos se originam) é justamente o que deu o título em português do filme: uma alma atormentada. E essa angústia é derivada na verdade de uma situação/relação tão básica quanto bela e essencial e que no filme é mostrada em seu lado mais escravizante e visceral: a maternidade! É um thriller dramático, um policial noir com belíssimas fotografia e interpretações de todo o elenco, naturalmente comandado com Joan, mas com presenças significativas das atrizes secundárias (duas delas indicadas ao Oscar: a filha e a amiga/gerente) e também dos atores Zachary Scott e Jack Carson. A trilha sonora também merece destaque, assim como a presença (como criada) da interessante atriz Butterfly McQueen (em papel semelhante que fez em E o vento levou e em Duelo ao sol), que é sempre pitorescamente marcante, com o seu jeito e a sua voz aguda e estridente. O mistério do crime só vai ser solucionado no final e o tema principal (a relação mãe-filha) provocará inúmeras situações de conflito, principalmente graves e diversas consequências na vida pessoal e familiar dos personagens. Um filme que ousou mostrar na época a figura da mulher independente e que resgatou Crawford de uma fase ruim que vivenciava como atriz.  8,8