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GRANDE HOTEL (GRAN HOTEL)

O título se refere a um luxuoso hotel na cosmopolita Berlim dos anos 30, considerada um centro cultural na época. Um filme de 1932, do qual não gostei tanto quanto esperava, porque achei que, a despeito de seus méritos, todo o potencial foi pouco ou mal aproveitado: poderia ser muito mais bem dirigido (Edmund Goulding), editado, o roteiro poderia ter sido lapidado e mesmo alguns momentos ou interpretações deixaram a desejar, inclusive dramaticamente (inclusive há interpretações mais realistas misturadas com outras mais “novelescas” ou “teatrais”, embora algumas propositais). Por isso a nota não tão alta, embora o filme mereça ser referenciado por várias qualidades e até pelo que representou para o cinema à época e o sucesso que fez (que inclui o estrelado elenco), além, é claro, pelo prêmio especial que ganhou: o Oscar de Melhor filme em 1933. Aliás, de forma inédita, o filme foi indicado apenas nessa categoria e acabou se consagrando como o vencedor. As qualidades se iniciam pelo visual do hotel, pelas magníficas (!) tomadas de câmera e pela fala do início e do final do filme, que são ótimas e se complementam, com uma espécie de “ciclo que se completa” ou “final com chave de ouro”, como dizem. A apresentação dos personagens se dá de forma intensa (todos falando, na sua vez, ao telefone, por exemplo, é muito criativo), com idas e vindas, conversas variadas, diretas e paralelas, tudo imprimindo um movimento e um ritmo bastante ágeis e admiráveis também, o que foi uma inovação feita por este filme. O elenco também é maravilhoso, reunindo os maiores artistas da MGM: Greta Garbo (que pessoalmente não incluo entre minhas atrizes preferidas ou mais belas), Joan Crawford (que rouba a cena inúmeras vezes) e ainda os irmãos John Barrymore e Lionel Barrymore e Wallace Beery, então bastante famoso. O filme trabalha com temas universais, mas seu foco principal é o dinheiro e o interesse, envolvendo obviamente os mais diversos tipos humanos, desde o aristocrata na iminência de ficar arruinado, passando pelo malvado magnata, pela bela taquígrafa, até a temperamental bailarina. Um hotel é o cenário ideal para os dramas todos. A respeito do tema “bastidores”, dizem que para evitar “duelos de egos”, as cenas com Crawford e Garbo foram feitas separadamente e, de fato, não há nenhuma tomada em que as duas apareçam juntas. de se destacar também que Garbo, já diva na época, diz mais de uma vez no filme uma frase que seria vinculada a ela repetidamente na sua carreira: “I want to be alone”. 7,8