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BOM DIA, TRISTEZA (BONJOUR TRISTESSE)

Dizem que quem tem dinheiro sobrando pode gozar a vida e desfrutar dos prazeres todos sem necessitar sequer pensar em trabalhar. O famoso bon vivant. Que pode também não ser totalmente isento de algumas preocupações ou, ao contrário, ser, de fato, inteiramente voltado à ociosidade. O filme mostra pessoas que desfrutam dessa boa vida, mas também questões de relacionamento e mesmo filosóficas que acabam surgindo, notadamente como fruto do reencontro de pai e filha e de quem vai de repente compartilhar essa rotina de prazeres sem compromisso. Sabendo-se que esse pequeno núcleo anticonvencional a ser impactado (“filha mimada, pai irresponsável”) reside em local privilegiado da Riviera Francesa, época de pós-guerra. Da beleza e mansidão reinante, poderão redundar dramas e até tragédias. Baseado em obra escrita por Françoise Sagan, o filme é de 1958, dirigido por Otto Preminger (Laura, Anatomia de um crime, Inferno número 17) e estrelado por David Niven, Jean Seberg e Deborah Kerr, também atuando nele Mylene Demongeot e Geoffrey Horne. Embora pareça às vezes fútil e de cunho simples e superficial, o roteiro, se observado com bastante atenção e sensibilidade, poderá gerar uma ou outra boa surpresa e até mesmo relevantes questões a serem discutidas e/ou objeto de reflexão, havendo inclusive quem o considere, por essa razão, efetivamente um clássico. Sem dúvidas, polêmico ele é, pois é fato que muitos ainda continuam classificando-o como um melodrama banal. De qualquer forma, a pista do que virá (ou do “clima” a ser percebido) poderá ser apreendida desde o início, quando Juliette Gréco interpreta a bela música que dá título ao filme (a letra diz tudo). O fato é que no mínimo se trata de um filme a ser visto por se tratar de algo polemizado e atípico e que retrata não apenas fatos embalados em cenário paradisíaco (lindamente fotografado), mas reúne um elenco importante na Hollywood dos anos 50/60 (e até antes): Niven com extensa filmografia, como 55 dias em Pequim, Cassino Royale, A pantera cor de rosa, Dois amores e uma cabana, Kerr, da mesma forma, com Narciso negro, O rei e eu, Tarde demais para esquecer e Jean Seberg, que na época tinha 20 anos e um ano antes havia sido premiada pela atuação como Joana D´Arc: em 1960, ela ganharia fama mundial e definitiva ao estrelar o famoso Acossado, de Jean-Luc Godard. 8,4