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A PRINCESA PROMETIDA

Este filme de 1987 pode ser definido como um encantador e original conto de fadas – atenção: pequeno spoiler – lido e narrado pelo avô ao neto. O avô protagonizado por Peter Falk (o Columbo da série de TV) e o menino por Fred Savage (que tinha 11 anos quando fez o filme e um ano mais tarde brilharia na série de grande sucesso Anos Incríveis, que teve mais de 100 episódios). É um conto delicioso, porque apresenta quase todos aqueles elementos do nosso imaginário e das histórias infantis e infanto-juvenis, com herois, piratas, castelos, vilões, bruxos, perigos e conspirações, duelos (com ótima coreografia), romance e aventuras; e é algo singular, porque usa uma linguagem totalmente inédita para o gênero, atual e dotada de um humor escrachado, do qual resultam cenas inéditas e divertidas e que deixarão o espectador muitas vezes realmente espantado e até incrédulo com o texto, com algumas tiradas bastante inspiradas. É uma história de fantasia, portanto, mas com uma inteligência original, totalmente fora do padrão e que consegue dosar (geralmente) bem a sátira e o estilo. Assim, a partir da antiga e maravilhosa prática de se contar histórias às crianças, entramos no mundo da fantasia, com um lindo casal bem à la príncipe e princesa: ele, interpretado por Cary Elwes e ela por Robin Wright (Forrest Gump, a serie de TV House of cards), no esplendor de seus 21 anos. Mas fora os dois tem um Mandy Patinkin brilhante (que lembra fisicamente o Kevin Kline e é autor de uma frase icônica no filme), Chris Sarandon, Wallace Shawn, o gigante francês André The Giant (com 2,24m) e, entre outros, uma dupla inesperada que aparece mais na parte final da história, interpretada pelos irreconhecíveis  Billy Cristal e Carol Kane. O filme se baseou em livro de William Goldman (1973) e foi dirigido por Rob Reiner, cineasta sempre sensível e que deu ao cinema obras maravilhosas, como Conta comigo (um ano antes deste filme), O primeiro amor (Flipped), Harry e Sally feitos um para o outro e O lobo de Wall Street. Aqui, ao sermos carinhosamente reconduzidos às emoções das aventuras de castelos, princesas e capa e espada da infância, podemos nos entregar totalmente à fantasia, sem qualquer compromisso, nessa diversão bem ao feitio de uma “sessão da tarde”, mas com alguns ingredientes a mais, tendo o filme sido muito bem sintetizado na definição do crítico de cinema Bruno Passos: um deleite narrativo com ótimo equilíbrio entre ação e comédia. Para toda a família e para todas as épocas. 9,0