AINDA ESTOU AQUI
Este filme nacional, de ótimo título e que está atualmente em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, é o representante do país entre os concorrentes ao Oscar 2025. E de fato tem merecimento para tanto, pois é uma obra que trata de temas perturbadores e recorrentes em várias nações do mundo, tendo um consistente roteiro, uma segura e experiente direção e belas interpretações. A temática não é nova, pois envolve a ditadura militar, com foco em 1970 e anos seguintes; mas invariavelmente provoca choque, consternação e indignação quando bem tratado, como aqui é o caso. Algumas cenas são realmente repulsivas por sua carga dramática, tocantes por sua natureza e a parte final – especialmente – propicia momentos bastante tocantes. Mas o grande mérito, a par do roteiro premiado como o melhor no Festival de Veneza, vai para a sensível e absolutamente perfeita atuação de Fernanda Torres, que no final do filme é substituída, em alguns minutos apenas (mas com grande efeito !), pela também excepcional atriz Fernanda Montenegro (não por acaso sua mãe) e para o competente e premiado diretor Walter Salles (Diários de motocicleta, Central do Brasil). Também se destaca, entre outros, o ótimo Selton Mello. Filme contundente, triste, mas que trata de assunto obrigatório, pelo menos de tempos em tempos. Ponto negativo: por incrível que pareça, passadas décadas de evolução tecnológica em relação aos filmes nacionais que tinham um som horrível, ainda o som de um filme tão importante não é perfeito. Não que seja ruim, mas não chega perto do padrão americano, havendo vários momentos em que não conseguimos distinguir corretamente algumas palavras. 8,8