MY SALINGER YEAR

Este filme de 2020 eu conceituaria como bom apenas e não ótimo ou excelente. A meu ver os conceitos muito elevados sobre o filme são decorrentes da empolgação de sua parte final. Explico. Até mais de sua metade, é um filme chato, com roteiro mal construído, mal dirigido e mal editado. Além disso, extremamente frio, embora o elenco seja muito bom e as duas protagonistas ótimas: a veterana e sempre excelente Sigourney Weaver e a novata e de belo rosto Margaret Qualley. Existe até mesmo o risco de alguém simplesmente parar de ver o filme, diante de um material valioso (que é a história e seus detalhes) totalmente desperdiçado. Acontece que subitamente o filme muda. Não só existem guinadas existenciais, não apenas vemos ações e atitudes que muito tem a ver com a vocação, a busca pela realização dos sonhos etc, mas uma verdadeira mudança na própria direção. Parece que mudou o diretor a partir de uma parte do filme e passamos a ver um filme muito interessante, que nos coloca diante de fatos instigantes e emocionantes. Tudo também relacionado à literatura, ao surgimento de novos talentos, à indústria dos livros e girando em torno da legendária figura do escritor que dá título ao filme: J. D. Salinger, autor do famoso “The catcher in the rye” (O apanhador no campo de centeio, de 1951 e que vendeu mais de 70 milhões de exemplares), foi um dos escritores mais cultuados do século 20 e ficou muito tempo recluso (50 anos), tornando sua existência um mistério permanente e que ajudou a construir o mito (terá sido esse afastamento proposital para valorizar seus escritos e catapultar sua fama?). Ele morreu em 2010, aos 91 anos e vale a pena pesquisar sobre ele e sobre o livro, que precisa hoje (pelas obras escritas depois com o mesmo tema) ser recolocado no contexto da época. Voltando ao filme, sua parte final acaba sustentando o filme e fazendo valer a pena ter sido tolerado/suportado além de sua primeira hora, mas no todo obviamente não pode conceituado da mesma forma que são os regulares e bons em sua totalidade. 7,8