O CONDE DE MONTE CRISTO (LE COMPTE DE MONTE-CRISTO)

Este filme francês participou do Festival de Cinema Varilux e também do Festival de Cannes, mas não está entre as melhores adaptações para a telona, da imortal obra de Alexandre Dumas pai. Nesse ponto cabe dissipar a confusão e detalhar que o escritor “pai” viveu em um período do romantismo francês, tendo escrito seus maiores sucessos literários na primeira metade do século 19 (o outro livro foi Os três mosqueteiros), século onde ocorreram grandes transformações sociais e políticas na França, incluindo a Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão. O “filho” também ficou famoso e popular e foi mais influenciado pelo realismo e pelo naturalismo, tendo escrito seu maior sucesso na época imediatamente posterior à de maior popularidade de seu pai (A dama das camélias, de 1848). Aqui temos uma produção esforçada e que, de fato, apresenta elementos interessantes e bons momentos de ação, heroísmo, redenção, além de alguma emoção. Entretanto, é um filme bom, mas que não arrebata: muitas vezes soa apressado e contorna a profundidade dramática que seria necessária em momentos vitais da história, assim represando as emoções imprescindíveis para a perfeita transmissão da magnitude da obra. Investe na produção, mas não na dramaturgia, se bem que efetivamente constitui uma tarefa hercúlea condensar de forma eficiente um livro tão vasto e rico. A missão maior, portanto, de transpor para o cinema o corpo e a alma do épico é alcançada apenas em parte, ficando ao final um misto de contentamento e de insatisfação. Pelos esforços, pelos momentos de intensidade e até pela ousadia da produção e reconstituição de época, porém, os diretores e roteiristas Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte (que antes também adaptaram Os três mosqueteiros) não merecem uma censura severa, porque o filme, afinal, constitui um bom divertimento e traz também emoções. E também é verdade que o filme emplacou grande sucesso na França, junto ao público internacional e boa parte da crítica, sendo por muitos festejado e até aclamado. Na Prime, para locação.  8,3