TRÊS HOMENS EM CONFLITO (THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY – IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO)

O título em italiano e em inglês é o mesmo e tem tudo a ver com o filme, que inclusive por várias vezes ressalta quem é o feio, quem é o mau e quem é o bom, dos três personagens principais. Então, mais uma vez vemos um título idiota (dado pelos “entendidos” em bilheteria), quando deveria ser simplesmente O bom, o mau e o feio. De todo modo, este filme de 1966 é o terceiro da famosa trilogia dirigida por Sérgio Leone e estrelada pelo galã do western (e que e tornou um ídolo a partir de então), Clint Eastwood -os dois anteriores são Por um punhado de dólares e Por uns dólares a mais. Aqui novamente o personagem de Clint é um cowboy misterioso/reservado e solitário, com pontaria extraordinária, que age quando necessário (fazendo inclusive o estritamente necessário) e que tem por hábito acender seus cigarros/charutos de diversas e inusitadas formas (em pedras, na sola da bota etc). Novamente contamos com a presença de Lee Van Cliff (que estreou no filme anterior), mas não faz o mesmo personagem do filme anterior, ou seja, um caçador de recompensas, embora alguns insinuem o contrário. O terceiro personagem (no caso, o feio) é interpretado pelo ator Eli Wallach e, com as devidas escusas aos fãs, francamente detestável, fanfarrão, caricato, cabendo a ele dar o tom de comédia ao filme, infelizmente. Outro ponto negativo no filme é constituído pela parte enfadonha e desnecessária do roteiro, inclusive com fatos e cenas inverossímeis e um ou outro personagem totalmente dispensável ou também caricato, como o capitão do Exército azul escuro, que tem uma conduta totalmente descabida dentro do contexto. Mas os pontos positivos é que tornaram este filme um grande sucesso: à parte o incontestável Eastwood, que se tornou um protótipo do “mocinho dos westerns”, a trilha sonora de Morricone é um espetáculo à parte: aqui, ele conseguiu o apogeu em relação aos demais filmes e compôs a música principal com rara felicidade, sendo que ela se tornou simplesmente imortal, passando a ser executada centenas de vezes e de diversas maneiras, inclusive até os dias de hoje. Na realidade, o tema principal do filme (musical) virou um símbolo inclusive do gênero western (pensa-se em música de faroeste, pensa-se na música, imediatamente!). Além disso, permanece diferenciado o estilo do diretor Sérgio Leone. E que aqui teve que trabalhar com centenas de figurantes, na medida em que os fatos se passam nos idos de 1861 a 1865, durante a Guerra Civil Americana. Lembrando que a Guerra da Secessão (o outro nome da guerra civil) envolveu o Norte abolicionista (a União) do General Grante contra o Sul escravagista (os Confederados) do General Lee – o uniforme do Norte é o azul escuro, forte e o do Sul é o do tom acinzentado, bem mais pálido/desbotado. E o roteiro, em boa parte do filme, se mantém sólido e desperta grande interesse quanto ao mistério apresentado, do ouro enterrado, o qual somente será resolvido nas espetaculares cenas finais, que parecem mais uma apoteose de uma ópera construída peça a peça e lentamente. Pena que no todo não seja perfeita, mas no conjunto é o melhor dos três filmes e que com o seu final redime boa parte do enredo com altos e baixos. De todo modo, tornou-se um clássico.  8,5