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PHANTOM THREAD (TRAMA FANTASMA)

O título original do filme tem em parte relação com fio, tessitura e em outra parte com alguns aspectos sobrenaturais relacionados com o protagonista (coisas que o perturbam, fatos filosóficos envolvendo a morte e a pessoa da mãe). A parte do “fio” e da “tessitura” tem duplo sentido, metafórico e literal, porque o personagem é um estilista/designer de moda, circunstância que inclusive se tornou um desafio (de oficina) para o ator principal. Essa introdução é só para comentar mais uma vez a infelicidade do nome em português, a menos que o amadorismo de quem executa a tarefa tenha cedido vez à genialidade de dar à palavra “trama” o mesmo significado do inglês “thread”, no que de modo se acredita. À parte esse fato, este é um filme indicado a vários Oscar: Melhor filme, diretor (Paul Thomas Anderson), ator (Daniel Day-Lewis), atriz coadjuvante (Lesley Manville, a irmã do estilista),trilha sonora e figurino. Surpreendentemente ficou fora da indicação de melhor roteiro, fato difícil de explicar. Mas é verdade que não é comum um filme com esse estilo e natureza ser indicado ao Oscar. Porque se trata de algo denso, psicológico, difícil de entender em toda a sua profundidade, ou melhor, permite algumas “viagens” de interpretação, principalmente em sua parte final. De todo modo, é uma obra extremamente bem feita e original, com uma trilha sonora forte e dramática (que em alguns momentos até parece exagerada para a cena) e que explora os personagens principais de forma intensa, inclusive o diretor não deixando passar a ocasião de explorar o recurso do close no protagonista, fato motivado pela excelência interpretativa de Daniel Day-Lewis, que constrói aqui um personagem fascinante e complexo e que infelizmente, com esse filme, anunciou sua aposentadoria (como ator). Mas se a força da atuação do ator é aproveitada ao máximo e com a competência de sempre pelo diretor Paul Thomas Anderson (Sangue negro, Magnólia, O mestre…), os demais protagonistas não ficam muito atrás, sendo também marcante a performance da atriz Lesley Manville indicada ao Oscar de coadjuvante da irmã do personagem, assim como a de Vicky Krieps, que interpreta um riquíssimo personagem feminino. Quanto ao figurino, é belíssimo, não apenas retratando os anos 50 da Londres pós-guerra, mas também os trajes desenhados e confeccionados pelo renomado Woodcock, à exaustão e perfeição (e com o fator neurótico associado…), inclusive para a realeza da época. O filme é interessante, instigante, mantém em suspense o espectador todo o tempo, tem momentos memoráveis, desperta sentimentos variados e embora não seja tão fácil de ser totalmente compreendido, é daqueles que fazem pensar e deixam impressões e sensações que se perpetuam para além do tempo de sua exibição.  9,0