TORRENTES DE PAIXÃO (NIAGARA – 1953)

Uma das belezas do mundo, as cataratas do rio Niágara estão localizadas na fronteira entre o Canadá (Província de Ontário, com vista privilegiada) e os Estados Unidos (Estado de Nova Iorque), sendo que as cidades fronteiriças têm o mesmo nome: Niagara Falls. O rio Niágara conecta dois dos cinco Grandes Lagos: o Erie e o Ontário. Otawa, a capital canadense fica 550 Km a nordeste e Toronto, a capital da província de Ontário, a 130 Km ao norte, à margem do Lago Erie (em Toronto está localizada a famosa Torre CN, vista em muitos filmes e com 553 metros de altura). Realmente as Cataratas são deslumbrantes e constituem uma das atrações deste filme, até porque ao mesmo tempo em que acompanhamos a trama, fazemos um fascinante “tour” pelo local (com mirantes próximos a uma das cachoeiras, vista do barco repleto de turistas e vários destaques da paisagem local, em um belíssimo technicolor). Mas também deslumbrante e exuberante – e igualmente destaque da bela fotografia do filme – é a atriz Marilyn Monroe, na época com 27 e que, embora já houvesse aparecido em 10 filmes (os primeiros com seu nome sequer figurando nos créditos), somente a partir deste filme e de “Os homens preferem as loiras” e “Como agarrar um milionário” – ambos também de 1953 – é que passou realmente a ser uma estrela de Hollywood, catapultada para a fama definitiva e como uma das maiores deusas do cinema de todos os tempos. Neste filme ela aparece de um modo absolutamente único, irradiando beleza e sex appeal e essa formosura toda é fartamente explorada pelo roteiro e pelas câmeras (mesmo que isso implique a atriz dormir totalmente maquiada, inclusive com um fervilhante e impecável batom vermelho). É de fato impressionante como a curvilínea e naturalmente sedutora atriz se destaca em meio a todas os demais, inclusive diante de uma mulher bonita como a ótima atriz Jean Peters, que pelo que consta era uma grande amiga (com a mesma idade de Marilyn inclusive). Jean, uma ótima e destacada atriz, havia nos dois anos anteriores trabalhado em “Clube das moças” e “Viva Zapata”, tendo outros vários em sua carreira. Também se destaca no filme Joseph Cotten, já cinquentão e com uma ótima “folha corrida” em Hollywood, incluindo filmes como “Cidadão Kane”, “Soberba”, “À sombra de uma dúvida”, “À meia luz”, “Duelo ao sol”, “O terceiro homem” e “O retrato de Jennie”, entre outros. O diretor foi o americano Henry Hathaway, que tem vários êxitos cinematográficos em seu currículo: como “Lanceiros da Índia”, “Nevada Smith”, “Sublime devoção”, “A raposa do deserto”, “Beijo da morte”, “Bravura indômita” e “A conquista do Oeste”. Este filme surpreende pelo seu desenvolvimento e riqueza de fatos entrelaçados, sendo um thriller dramático, mas com vários elementos policiais e de mistério: e que diante da situação aparentemente simples que enfoca, acaba “tirando leite das pedras” e ainda na parte final apresentando cenas surpreendentes de grande tensão e emoção. Apesar de colorido, o filme é catalogado como “noir”, e possui diversas qualidades, não obstante algumas cenas meio mancas e um ou outro personagem idem. Mas pelos méritos já citados e até por ser o primeiro filme efetivamente de sucesso de Miss Monroe, já merece suas boas credenciais. 8,7