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O TELEFONE DO SR. HARRIGAN (MR HARRIGAN´S PHONE)

O título do filme é relevante, porque a história – adaptada de contos de Stephen King – discorre sobre uma improvável amizade, mas também sobre a importância e a influência do celular na vida moderna, mostrando sua força na conexão social e na comunicação, até mesmo como símbolo de status, mas também, e ao mesmo tempo, seu poder de alienar e mudar para pior a feição das relações humanas. Lembrando que o primeiro I Phone foi apresentado ao mundo justamente em 2007, época em que o menino do início do filme vira adolescente (mais ou menos aos 13 minutos) e passa a ser interpretado pelo já competente ator Jaeden Martell (It – A coisa) e o celular acaba, então, assumindo um papel vital na história. Falando em bom ator, dispensa comentários o veterano e carismático Donald Sutherland, com mais de cinquenta anos de bons serviços prestados ao cinema e que tem em seu currículo, entre outros, O buraco da agulha, Klute – o passado condena, Inverno de sangue em Veneza, Casanova de Fellini e a histórica série M.A.S.H. O filme mostra a possibilidade de uma proveitosa – e respeitosa – convivência entre gerações (para recíproco aproveitamento – e de se destacar que a literatura conecta perfeitamente com as temáticas do filme), a adaptação necessária aos novos tempos apesar dos pensamentos conservadores, além de temas já conhecidos, como o bullying no colégio (aqui, mais clichê impossível), mas o desenvolvimento tem alguns senões e o filme poderia ser mais conciso em muitos momentos. Todavia, apesar de alguns pontos insatisfatórios, os aspectos positivos predominam, inclusive considerado o lado metafísico da história. E, como diz minha ídola e inteligente crítica de cinema Isabela Boscov, trata-se de um “conto moral” e “o lado humano” salva o filme das imperfeições. Dirigido por John Lee Hancock (Os pequenos vestígios), tem um final que até pode ser questionado, mas, afinal, somos forçados e considerá-lo adequado e coerente com a realidade. Produção Netflix. 8,0