SOB AS ÁGUAS DO SENA (UNDER PARIS)
Este é um lançamento Netflix que já divulga de cara que se trata de um tubarão aterrorizando Paris, o que na prática todos sabemos ser bastante inviável, ou seja, um predador dessa natureza chegar até à água doce do Sena e ainda sobreviver. Principalmente sendo de grande envergadura. Por esse motivo já começamos a ver o filme com muitas reservas. Porém, à medida em que ele evolui, todas as defesas acabam afrouxando a favor da diversão pura (acrescida de manifesta qualidade) e o filme de revela surpreendente. Porque é realmente muito bem feito, bem cuidado nos detalhes, tem uma produção esmerada, fotografia, montagem, direção (Xavier Gens) excelentes, ritmo vertiginoso harmonizado o tempo todo por uma trilha sonora palpitante, que torna o suspense e a tensão permanentes. E porque chegamos à conclusão de que não é um filme para ser desfrutado com “cérebro” e sim mais com sentimentos e emoções. Se deixar levar pela empolgação. E é tão inteligentemente construído, que além de se tornar uma ótima diversão, superlativa dentro de um gênero específico que pontificou no cinema ao longo das décadas (com grandes sucessos de bilheteria, como Tubarão, Terremoto, Inferno na torre, Independence day etc), ainda permite que o público tolere perfeitamente os clichês típicos, até mesmo interpretando alguns com intensões propositais/irônicas, como a figura da ridícula prefeita, por exemplo. O filme já começa muito bem, com cenas espetaculares de ação e suspense e termina de um modo totalmente inesperado e também extraordinário (com uso da alta tecnologia digital). Em seu desenvolvimento esbanja imagens belíssimas de Paris, vistas a partir do Sena ou mesmo em tomadas rápidas de outros ângulos (inclusive aéreo). O elenco não desaponta, mas a atriz Bérénice Bejo é ótima, aliás, é uma veterana no cinema (O artista, com Jean Dujardin). Fora isso, os temas tratados são atuais, envolvendo ecologia e questões ambientais importantes, sendo essencial dentro da trama o ensinamento de Darwin, apresentado desde o início: “Os sobreviventes não são os animais mais fortes ou inteligentes e sim os que conseguem efetivamente se adaptar às mudanças”. Em suma, sob todos os ângulos, uma diversão garantida, com imagens belíssimas e grandes emoções, com poucas pausas para se respirar. Até o título em português funcionou bem. Por fim: como as avaliações de crítica e público oscilam entre 1 e 5 estrelas, fica claro que sobre o filme pode haver um olhar totalmente oposto ao acima exposto, ou seja, quem sinta que se trata simplesmente de um amontoado de clichês com uma bela camada de verniz para disfarçar sua pobreza (tendo sido inclusive “detonado” pela comunidade científica”). 9,0