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MAESTRO

A britânica Carey Mulligan, hoje com 38 anos, já teve várias indicações a prêmios e participou com seu reconhecido talento de vários importantes filmes, como Doce vingança, Educação, Drive, A escavação e Longe deste insensato mundo. Entretanto, aqui ela é o elemento de grande destaque do filme e apresenta uma interpretação extraordinária, em cada difícil e dramático momento, desfilando os diversos sentimentos da personagem com rara maestria. Bradley Cooper, que também produziu e dirigiu muito bem, não fica muito atrás (dá conta com competência de um papel bastante complexo), mas ela é o brilho que emoldura o filme e dá a ele todo o sentido, em todos os momentos. Mas esse brilho não é suficiente para que o filme seja perfeito em seu desenvolvimento, em seu lado emocional e na resolução das reticências de suas etapas, muitas vezes fragmentadas sem a sutileza ou delicadeza adequadas. De todo modo, um roteiro forte, com vários instantes emocionantes – pela própria música ou por cenas de Mulligan ou do casal – biográfico do famoso e polêmico Leonard Bernstein, que era sobretudo maestro/arranjador, mas também músico (pianista) e compositor e que foi o primeiro maestro americano (nascido em Massachusetts) a obter um reconhecimento mundial de regência, sabido que até a década 40 todos os grandes maestros eram estrangeiros, geralmente alemães. Ficaram famosos seus grandes concertos, sua regência por longos anos da Filarmônica de Nova Iorque e serviu de paradigma para muitos, tendo influenciado e inspirado várias gerações. Como compositor, sua obra mais famosa foi a trilha do musical West side story. O filme tem momentos brilhantes e outros até inconsistentes ou um pouco enfadonhos, mas seu foco é a vida turbulenta do maestro, na profissão, socialmente, em família e principalmente seu relacionamento com Felícia, a atriz de origem chilena, interpretada por Mulligan. O filme deixa claro sobre quem foi o grande responsável pela grande parte dos conflitos na vida do maestro, vinculado à sua conduta social e particular, vital elemento de sua personalidade (não spoiler). Além de Cooper, poderosas figuras produziram o filme, como Spielberg, Scorsese e Todd Phillips. Em resumo: uma obra de algum fôlego, de maravilhosas fotografia (notadamente nas partes em preto e branco), produção, elenco, trilha, incrível maquiagem no rosto do compositor já mais velho, alguns belos momentos (a cena da Igreja, por exemplo), mas que poderia ser mais bem desenvolvido, mais bem editado e talvez causar emoções mais afinadas e profundas. Netflix. 8,6