OLD BOY (2003)

Este filme, mais indicado aos apreciadores do cinema “de arte” (pelo contexto e pelas cenas pesadas, entre desatinadas e bizarras), tem um final dos mais chocantes da história do cinema (não-spoiler). Assim como sua narrativa é crua (com adequada fotografia) e chega a ser prolixa por algum tempo, porém intencionalmente, percebendo-se a todo momento a inteligência por trás de tudo e havendo a compensação pela fluência esclarecedora na parte derradeira. Acompanhamos um personagem diferente, em insólita situação de restrição de liberdade, também não sendo convencional o desenvolvimento dos fatos, que misturam violência, insanidade, coreografias de luta (a que envolve o bando é sensacional, em plano-sequência de perder o fôlego), paixão, memória, obsessão, tudo orbitando em torno da palavra “vingança”. O desafio é descobrir o motivo da privação e como tudo se desdobrará neste thriller de ação extremamente original, embora também brutal. A atuação de Choi Min-sik (Oh Dae-su) é fabulosa, mas estão ótimos também You Ji-tae (Lee Wo-jin) e Yoon Jin-seo (Lee Soo-ah).  Park Chan-wook (A criada) na direção igualmente é seguro e demonstra saber sempre para onde está nos levando, com muita competência/experiência, firmeza e determinação – o diretor ganhou mais ou menos recentemente (2022) a Palma de Ouro em Cannes pelo filme “Decisão de partir”. Nós é que não sabemos para onde o enredo nos conduzirá e a chave é essa mesma: se deixar levar pelos enigmáticos caminhos do filme e pelas surpresas que virão, tentando ir desvendando os mistérios e chegar junto com as explosões terminais. Fascinante e chocante ao mesmo tempo, o filme ganhou em 2004 o Grande Prêmio em Cannes (segunda maior honraria, só perdendo para a Palma de Ouro), sendo atualmente considerado a obra-prima do diretor. 9,3

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