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O TEMPO NÃO APAGA (THE STRANGE LOVE OF MARTHA IVERS)

Um filme classificado como “noir”, de 1946, estrelado por Bárbara Stanwyck (que dois anos antes havia feito Pacto de sangue), Van Heflin (Os brutos também amam) e Kirk Douglas (estreando no cinema, embora já com 30 anos, vindo do teatro). O filme tem seu charme, uma bela fotografia que valoriza muito os personagens – principalmente ela – e a história mantém uma constante tensão, resultado de um segredo do passado e que une os três citados. Entretanto, existem pequenos detalhes mal resolvidos, algumas irregularidades no roteiro e o desfecho pode parecer um pouco apressado (fácil demais), motivos talvez pelos quais esta produção não é equiparada aos grandes filmes da época e do gênero, embora tenha seus fãs e alguns méritos incontestáveis. Porque não se pode negar que seja um bom filme e com elementos que por si sós já valem a pena, como o desempenho de Stanwyck, uma das grandes atrizes que o cinema já produziu, aqui desempenhando uma personagem forte e que justifica o título original, ou seja, “O estranho amor de Martha Ivers”, que seria o perfeito para o filme. Como também o desempenho contido e que deu início a uma carreira extraordinária do inicialmente Douglas. E também merece destaque a atriz Lizabeth Scott, que inclusive viria a ganhar fama como femme fatale a partir do seu filme do ano seguinte (Confissão), embora conste que ela tinha um caso com um dos produtores deste filme e que o fato acabou até mesmo provocando a redução do número de cenas de Stanwyck (para destacar mais a personagem Toni). Mesmo assim, o talento de Bárbara preponderou e muitos closes de Toni soaram mais como melodramáticos, para descontentamento inclusive do diretor do filme, Lewis Millestone (posto que dirigidos por outro diretor), que fez Nada de novo no front e faria em 1960 Onze homens e um segredo. 7,8