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O PREÇO DA PAZ

Filme brasileiro de 2003, com roteiro de Walter Negrão baseado no livro “A última viagem do Barão do Serro Azul”, de Túlio Vargas. Como se nota, o elemento principal do filme é o Barão do Serro Azul, sendo esse personagem histórico mostrado como um homem íntegro, de convicções, líder político e principalmente apartidário, defensor da paz, ou seja, resgatando a imagem do homem público pouco comentado nos livros de história e que apenas vemos comumente como nome de rua (e com a letra “C” em Serro). Mas essencial também no filme é o painel em que o personagem está inserido e que retrata aqui um dos fatos históricos mais importantes do Brasil, que foi a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, ocorrida poucos anos após a Proclamação da República, opondo o Partido Federalista (Liberais na época do Império em que eram comandados por Gaspar da Silveira Martins – gasparitas), dos maragatos, ao Partido Republicano (do governador Júlio de Castilhos – castilhistas), dos pica-paus. O confronto se intensificou quando o Presidente da República, Floriano Peixoto, em um golpe fechou o Congresso Nacional, para reabri-lo pouco depois com seus correligionários adequadamente instalados: logo em seguida grupos de maragatos rumaram para Curitiba, onde persistiram os confrontos com os pica-paus e onde o Barão do Serro Azul, que lá vivia, tentou negociar a paz. O governador de Curitiba era Vicente Machado (também nome de rua e de avenida), que fugiu com o exército republicano antes da chegada dos maragatos. O filme é uma grande produção e ganhou 3 Kikitos (Prêmio do Festival de Gramado) em 2003: Melhor Filme do Júri Popular, Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem. Mas a direção de Paulo Morelli, a fotografia de Luis Branquinho, a trilha musical de Jaime Zenamon (executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim) e as interpretações são destaque também. Herson Capri está perfeito como o Barão do Serro Azul, Giulia Gam como a baronesa, Lima Duarte como (líder dos maragatos) e José de Abreu, como seu subalterno, também ótimos. O painel histórico é mostrado de maneira madura e buscando o perfeccionismo na reconstrução de época e personagens (figurino ótimo). Uma viagem instrutiva e muito interessante na história, totalmente filmada no Paraná, com paisagens extraordinariamente bonitas e que em algumas cenas, de tão belas, até parecem montagens.  8,6