O MATADOR (THE GUNFIGHTER)

Um faroeste em preto e branco de 1950, interessante e prazeroso de se ver, com Gregory Peck fazendo muitíssimo bem o papel de um pistoleiro famoso, Jimmy Ringo. O filme se passa em 1880, uma época em que eram famosos nomes como Tombstone, Doc Hollyday, Wyatt Earp, Wild Bill Hickok, mas pelo menos por um tempo Ringo era temido como o gatilho mais rápido do Oeste. O filme se desenvolve lentamente, é na verdade um faroeste que pode ser definido como “psicológico”, mas tem os ingredientes do faroeste clássico, como cavalgadas, vingança, duelo etc, inclusive toques de romance. E cenas muito boas de Ringo com o xerife, com o barman (interpretado por Karl Malden) e com o menino. Todo o elenco está muito bem e a trilha sonora, para variar na época, foi feita por Alfred Newman. Na verdade, o mais importante neste filme é que, ao mesmo tempo em que mostra uma certa evolução dos costumes, com o Oeste buscando ser mais civilizado a par da violência, provoca boas reflexões a respeito do homem e do seu verdadeiro destino -ou seja, do que ele anseia e verdadeiramente busca, para ser feliz- e também da maldição da fama, em outras palavras, os ônus (o lado escuro) de ser famoso como pistoleiro em um vasto e selvagem território, onde a questão da vida ou da morte poderia ser definida em fração de segundos. O filme fez muito sucesso na época, inclusive pela condição de galã de Gregory Peck, que três anos depois estrelaria A princesa e o plebeu (junto com Audrey Hepburn). O diretor Henry King havia feito Uma canção para Bernadette em 1943 e faria dois anos depois (em 1950) As neves do Kilimanjaro, com o mesmo Peck e em 1955 Suplício de uma saudade, entre muitos outros. O roteiro do filme compensa a relativa modéstia da produção e foi inclusive indicado ao Oscar de 1951 de Melhor história original, categoria que existia à parte da de roteiro (o prêmio foi ganho por Pânico nas ruas). 8,7