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AGONIA DE AMOR (THE PARADINE CASE)

Quando se trata de filme de Alfred Hitchcock, o espectador já começa a ver a obra com respeito e também com grande expectativa. Respeito, pela qualidade do trabalho do cineasta, já reconhecida pela própria história do Cinema; e expectativa, porque certamente haverá um roteiro muito bom, interessante e com muito suspense e mistério. Além disso, sempre existe a curiosidade a respeito de em qual cena do filme Hitchcock irá aparecer, já que o cineasta teve como marca registrada aparecer rapidamente em todos os seus filmes, como um dos “figurantes”, em uma cena qualquer. E, além de tudo e do cuidado com a produção, fotografia etc., certamente o mago do suspense sempre foi criterioso em escolher seu elenco. Neste caso, o protagonista é Gregory Peck e o filme, de 1947, é um daqueles dramas que terminam com cenas de tribunal, especialidade do diretor (vide o excelente “Testemunha de acusação”) e que todo cinéfilo aprecia. Um texto inteligente, muitas vezes “ácido” e provocativo, mostrando relações pessoais surpreendentemente abertas e verdadeiras e deixando o espectador incerto sobre qual será o desfecho. Mas neste filme, além da resolução do mistério policial, o final é muito interessante sob o enfoque do casal , até mesmo emocionante pela nobreza  da cena com a esposa do advogado, interpretada por Ann Todd. Charles Laughton, como o juiz, mostra seu talento e o filme explora, maliciosamente (e até inesperadamente para a época) uma ou outra faceta de sua vida privada, travessura do mestre Hitchcock. Alida Valli também bela e ótima como a Mrs. Paradine. O título em português é, para variar, quase que ridículo, mas não retira do filme, felizmente, seu mérito incontestável, embora não seja considerado como uma das mais destacadas obras do diretor.  8,4