MRS. LOWRY AND SON
Tento sempre evitar situações de spoiler. Mas no caso deste filme não é muito fácil, porque qualquer comentário mais profundo (e necessário) vai acabar revelando algo. Então, inicio pelos detalhes mais técnicos (neutros) e deixo o alerta de que após esses detalhes seria hora de parar de ler, ver o filme e depois continuar a leitura. Para quem não gosta de saber dos detalhes do enredo, bem entendido…Este é um drama britânico atual, que se passa nos idos de 1934 em um condado da Inglaterra chamado Lancashire. Ocorre em sua maior parte dentro de uma casa onde convivem todo o tempo uma idosa mãe meio inválida e seu filho cinquentão, que dela cuida. A mãe e o filho têm uma relação que é o foco principal do filme, inclusive porque abrange o segundo e importante tema, que é a arte. Ela é interpretada pela excelente atriz Vanessa Redgrave (que aqui está novamente magistral) e ele pelo ator –surpreendente- Timothy Spall. A trilha sonora durante todo o filme dá os tons de cada cena e a fotografia completa o requinte da forma, sendo também de excelência (as cenas de contrastes de cores e principalmente as da praia são uma pintura). O tema principal mostra uma mãe opressora e dependente e um filho totalmente devotado a ela (a vida toda), sendo para ele a pintura um verdadeiro oásis para aquele tipo de escravidão. Assim, tanto ele é devoto a ela como à sua arte, que a mãe a todo tempo tendo diminuir, procurando convencê-lo a deixar de lado. Os fatos se entrelaçam, mas se pode discutir o papel do artista e da arte no mundo, os limites, quando nascem, do que dependem para fluir. A arte como representação e história da humanidade, como elemento de libertação. O filho fiel, de certa forma sábio, mostra-se sempre extremamente generoso e sobretudo um homem bom. E, apesar de tudo, livre. As cenas com as crianças mostram a bondade, a liberdade e a riqueza do coração do personagem. E no final parece haver esperança, quando o papel da arte parece estar começando a ser compreendido por ela. O artista é, independentemente de qualquer prisão! E o que nos escraviza às vezes é justamente o que nos liberta. No final, descobrimos que o filme foi baseado em fatos reais. E antes mesmo do “THE END” vemos cenas da realidade atual, até por isso valendo muito a pena consultar o Google sobre a vida e obras (com mais de um estilo, inclusive) desse importante artista inglês (L.S. Lowry). 8,7