MR. NOBODY
Essa é uma pequena joia que passou despercebida nos cinemas (2009). Um filme que estimula nossa atenção, nossa percepção, desperta nossa curiosidade e nossa sensibilidade, nos emocionando em diversas cenas, pelo conteúdo e pela beleza plástica. Mas é bastante complexo para se entender, embora nada seja de graça: o roteiro é um produto intelectual muito bem elaborado e apresenta perfeita coerência, embora tudo aparentemente seja uma colcha de retalhos, misturando realidade e sonhos, passado e futuro…(alguns dilemas são resolvidos parcialmente na parte final do filme). Afinal, o que é o real e o que é o imaginário: o que realmente ocorreu ou o que a memória permite lembrar? E o que é a insustentável leveza (lembrando aqui Milan Kundera), senão não sabermos o que aconteceria se tivéssemos seguido a outra opção?…Mas e se os diversos caminhos pudessem coexistir? Se as dimensões fossem de tempo e não de espaço? E o que vale a pena lembrar da vida?…”Não há vida sem você!”, uma bela e pungente frase. Realmente impressionante a cabeça de um roteirista que faz um filme desses! E que no caso é também o seu diretor, o belga Jaco Van Dormael. Os episódios da infância, da juventude, os paradoxos… cenas lindíssimas, com músicas absolutamente integradas e significativas. Belíssima a fotografia, notadamente nas histórias da puberdade e da juventude, das descobertas, dos segredos…Um filme de gêneros múltiplos (drama, romance, ficção científica…) e que para ser totalmente apreendido/entendido (talvez…) deve ser visto mais de uma vez. Com Jared Leto, Diane Kruger, Sarah Polley e Juno Temple, entre outros. 9,0