MISSÃO IMPOSSÍVEL – ACERTO DE CONTAS: PARTE 1

Este é o sétimo filme da famosa franquia iniciada em 1996, como sempre envolvendo o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe do IMF (personagens de Rebecca Ferguson, Ving Rhames e Simon Pegg), às voltas com perigosas missões de repercussão mundial, ou seja, envolvendo a segurança do mundo livre. Também trabalham no filme Hayley Atwell, Esai Morales, Vanessa Kirby e Henry Czerny, entre outros. Tom Cruise agora pode ser chamado de “senhor”, porém um “senhor bem apessoado”, mas em fase na qual não tira mais a camisa, embora suas cenas de ação e suas corridas desenfreadas pelas ruas (que ele faz questão de exaltar) impressionem. Sabe-se, a respeito do ator, que ele gosta de fazer cenas arriscadas e sem dublê, mas diante da tecnologia à disposição – e claramente utilizada em profusão no filme – é impossível se adivinhar quais cenas ele teria feito dessa forma. Quanto à franquia, o sucesso se deve à repetição das fórmulas que deram certo, mas um fato é talvez muito importante nisso tudo: os nascidos na década de 40 e 50 em diante conviveram com a série de TV (que deu origem aos filmes) e que tinha roteiros que pareciam complexos, mas que eram fascinantes para os fãs da época: havia de início a missão passada ao “líder” com uma gravação que se autodestruía, após o que ele escolhia a equipe, além de personagens carismáticos (como o homem de mil caras, interpretado por Martin Landau) e um ritmo incessante. E o início de cada episódio era memorável por mais um elemento e que felizmente também foi mantido na franquia: a música-tema, composta originalmente pelo argentino Lalo Schifrin (e que foi adaptada para a eternidade, porém sem perder a sua linha melódica e seu apelo frenético), e que fazia fundo para um trailer frenético dos melhores momentos que viriam naquele episódio. Os princípios da série foram adaptados e evoluíram para roteiros muito mais mirabolantes, criativos e recheados de ação, aventura e efeitos, de modo que se torna difícil tirar por um segundo os olhos da tela. A cada filme a tecnologia se aperfeiçoa, momentos sensacionais são criados ou aperfeiçoados e estão presentes os elementos que mantêm o sucesso mesmo após mais de duas décadas. O diretor Christopher McQuarrie se vale aqui da experiência acumulada em vários filmes anteriores, tendo sido ele também o diretor de Top Gun: Maverick, estrelado também por Cruise. Uma parceria infalível, por certo. O único problema desta diversão por excelência são mesmo os exageros. Por mais que o público feche os olhos para a plausibilidade e entre no mundo da fantasia do cinema blockbuster e onde quase tudo é possível (naturalmente com muita classe, glamour e imagens magníficas – inclusive das locações), existem momentos em que o exagero chega a ser  cansativo e os próprios personagens colaboram para isso, fazendo gracinhas e trejeitos, como se estivessem realmente em um jogo ou uma brincadeira. No caso, as cenas de rua, com as perseguições de carros (e destruição dos arredores), realmente foram feitas com maestria, mas de forma excessiva, inclusive quanto à sua duração. Mas há outros momentos, entretanto, que merecem aplausos, principalmente os do trem, na última parte do filme: algumas cenas são simplesmente espetaculares. Em resumo: divertimento garantido para quem gosta desse tipo de cinema, mas sempre sendo necessário abrir mão de qualquer exigência maior de realidade. Dentro desse espírito, a franquia continua indispensável e agora é se aguardar a parte 2. 8,7