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DREAM CENÁRIO

Um filme com uma história muito diferente, totalmente anticonvencional, cujo gênero é até difícil de definir, pois na verdade é um drama, mas tem alguns toques de humor, geralmente negro, de ficção científica (será?) e é algo que vai crescendo na densidade, assumindo caminhos imprevisíveis e chocantes, embora efetivamente criativos. Passa a ser, quem sabe, uma tragédia com senso de humor (e realmente há cenas para se rir do bizarro, como a do homem mais velho com a mocinha, bastando se ver o filme com olhares de humor negro). E poderá até mesmo causar tristeza em muitos espectadores mais sensíveis. Um filme de todo modo insólito, inteligente, que fala de pessoas, conflitos de gerações, problemas familiares e estruturais, enfocando os dias de hoje e as gerações atuais, além de, claro, o politicamente correto e os conceitos dominantes, que pelo que se vê de modo algum conseguiram superar o preconceito, causando – isso sim – uma alienação e uma solidão progressivamente maiores. Entre outras contingências. Nicolas Cage – que também é produtor – está quase irreconhecível fisicamente, mas talvez até por isso apresente uma grande performance, aprofundando um personagem que a princípio seria comum, porém vai se tornando complexo à medida em que os fatos ocorrem e diferentes ações são exigidas. Atua também à altura do papel Julianne Nicholson (Togo, Mare of Easttown, Ally McBeal). Algo instigante e que se vê com o prazer da descoberta, sem perder distância da perplexidade e até da indignação. Filme estilo “de arte”, para públicos especiais. 8,6