J. EDGAR

 O nome do filme é a abreviatura do nome do homem que comandou o FBI durante 38 anos (até 1972, quando morreu) e fez com que o Federal Bureal of Investigation americano se transformasse em uma entidade respeitada e eficiente: John Edgar Hoover. Clint Eastwood é um dos meus diretores preferidos. Dirigiu, entre outros filmes, Os imperdoáveis, As pontes de Madison, Sobre meninos e lobos, Menina de ouro, Gran Torino, Cartas de Ivo Juma e Além da vida (Hereafter). Mas aqui faz apenas um filme correto e não se vê o seu brilho costumeiro. É um bom filme, mas não chega a empolgar, como se estivéssemos vendo um documentário sem grandes alardes. Afinal, é uma biografia.  O elenco é ótimo e tudo é bem feito, mas é apenas morno, burocrático. Não gostei também da maquiagem do vice-diretor do FBI, Clyde, o apaixonado pelo chefe. Leonardo Di Caprio está excelente, mas definitivamente a Academia não gosta dele. Não que fosse ganhar o Oscar 2012 de Melhor Ator, mas merecia uma indicação, por exemplo no lugar de George Clooney ou de Brad Pitt (que estão bem em seus filmes, mas não isso tudo que dizem – esses, sim, são queridinhos). De qualquer modo, não deixa de ser um filme interessante e que mostra aspectos nunca antes divulgados dessa figura polêmica e que foi o chefão do FBI contra a máfia, atravessando períodos de oito presidentes americanos e de inúmeros acontecimentos polêmicos, desde o seqüestro do bebê Lindebergh, passando pelos assassinatos de Luther King e Kennedy e culminando com o governo Nixon, presidente acusado no filme de ser pessoa extremamente “perigosa”. Tanto, que todos os arquivos secretos de Hoover (fonte inegável de seu grande poder) foram destruídos, logo em seguida à sua morte, pela fiel secretária (Naomi Watts, também ótima). O filme mostra Hoover como um homem revolucionário (que criou o sistema de arquivo de digitais e fez com que os sequestros se tornassem assunto federal nos EUA), patriota, idealista, metódico, mas vaidoso e nem sempre corajoso: denuncia que ele não gostava muito de confrontar diretamente os malfeitores, que tinha dificuldades até com a fala (morava com a mãe), muita “facilidade” em assumir para si a glória alheia e em criar histórias para enaltecer o bureau e a si próprio e que era efetivamente homossexual, de armário ou não: o fato é que nunca assumiu oficialmente o romance com o seu vice Clyde Tolson, mas este herdou a casa que era de Hoover e foi enterrado quase ao seu lado. Todos sabiam, portanto e o escritor Truman Capote inclusive se referia à dupla como Bonnie & Clide, fazendo referência tanto à parceria, quanto à afeição.   7,5