HANAMI – CEREJEIRAS EM FLOR
Este é um filme para nos fazer pensar na vida (2008). Fala da morte (inclusive apresentando a dança das sobras, de comunicação com a morte, a “batô”), mas nele é a vida que brota a cada instante. Porque feito com lirismo e leveza. E tem algumas surpresas. A partir da primeira cena, por exemplo, criamos uma expectativa e pouco tempo depois somos surpreendidos. Em um filme repleto de boas lições…como a de nos lembrar que é muito triste a frase “agora já é tarde demais”, que o crescimento e a separação da família podem transformar as relações e fazer com que os pais acabem invadindo sem querer o espaço dos filhos, que o remorso é muito ruim…O filme destaca a efemeridade da vida (há inclusive uma bonita analogia com a vida curta das moscas), enaltecendo o provérbio de se viver cada dia como se fosse o último, mas não no sentido de se aproveitar tudo o que está ao alcance, mas sim no de se ter prazer até nas pequenas coisas, aprofundar as relações e conhecer de verdade as pessoas que nos cercam, dizendo a elas o que verdadeiramente sentimos. Nos solidarizar com elas. Sobre o título deste filme dirigido pela alemã Doris Dörrie com sensibilidade e competência, a cerejeira é de origem oriental e era associada à vida breve do samurai, como a existência de sua flor, que por esse motivo deve ser admirada intensamente, inclusive pela sua poética beleza. Além do ótimo roteiro, a fotografia é excelente, muito valorizada pelas cores e por algumas maravilhosas paisagens japonesas (o Monte Fuji é apresentado com sua exuberância e também em gravuras do mestre japonês Hakusai – aliás, a simbologia oriental é bastante utilizada na história). Uma questão que surge: devemos sofrer em silêncio ao sabermos que a pessoa amada está desenganada? Interessante notar também que o personagem estranhou ao ver as duas mulheres demonstrando carinho… ficou na defensiva quando viu os japoneses com o cartaz de “abraços grátis”… ficou meio reticente em se aproximar da estranha dançarina…Detalhes, mostrando o quanto é triste sermos esses seres com medo das relações, presos a preconceitos, vivendo na expectativa dos outros. Mas o foco a ser seguido é de esperança e otimismo: de que o bom aprendizado da vida nos faça respeitar as diferenças, apreciar a beleza e apreender o que realmente importa, despindo-nos da vaidade e dos temores e preconceitos, frutos até da educação que tivemos…Por que termos medo de ser crianças, de ser ridículos…??? Afinal, todos não o são um pouco? As cerejeiras em flor são um espetáculo maravilhoso mas efêmero…..mas de sua magia não se consegue esquecer. 8,7
César,
Eu adoro filmes que tratam da vida, com todas as suas vicissitudes. “Cerejeiras em Flor” é um filme desses: mágico para refletir sobre as relações, o desejo do outro, filhos, vida e morte. A cena final do filme é poética, linda! O butô não poderia ser melhor apresentado e encaixado em todo o filme.