FILTH
Este é um filme britânico independente de 2013 difícil de descrever. Para começar, deve-se declarar que não é para todo o tipo de público –basta se dizer que foi baseado em livro escrito pelo mesmo autor de Trainspotting (quem viu ou ouviu falar já entendeu). Entretanto, com dez minutos de filme, o espectador já saberá se o estilo o agradará ou não. Neste caso, basta partir para outro programa; do contrário, porém, estará diante de uma obra no mínimo instigante e saborosa até o final. Porque é diferente, criativa, embora totalmente anárquica e anticonvencional, inclusive quanto ao personagem principal, desempenhado pelo excelente e já veterano ator James McAvoy (que inclusive chamou muito a atenção e brilhou ao desempenhar inúmeros e diferentes personagens simultaneamente no filme Fragmentado). Além dele, há outros rostos conhecidos, mas não tão famosos, porém o relevante aqui é o protagonista e a história: ele é um policial escocês envolvido em um caso especial, com desejos de promoção e que apresenta vários problemas inclusive comportamentais, sendo meio bipolar ou esquizofrênico, viciado em drogas, em sexo e, portanto, totalmente imprevisível e realmente perturbador da ordem vigente (destruidor de símbolos sociais). Com isso, e conforme o personagem se degrada (a busca da causa é interessante), vemos em torno –inclusive com a bela atuação de todo o elenco- também o desfazimento de valores da própria sociedade. Muito humor negro, loucura, obsessão e talvez a resposta ao final seja ou não satisfatória, mas pelo menos vai desfazer em pouco o emaranhado de fatos que o roteiro nos coloca e que se tornam além de subversivos, altamente prazerosos, notadamente por conta do roteiro, da direção de Jon S. Baird, da marcante trilha sonora e da inesquecível atuação do seu protagonista. 8,9