DUNKIRK (DUNQUERQUE)

Cinema de primeira, um épico de guerra poderoso, principalmente pela qualidade da reconstituição histórica, fotografia, direção, montagem, trilha sonora (tensão do início ao fim do filme) e som magnífico – e que por isso tudo reclama a telona. E tem como uma de suas virtudes, também, a de mostrar, em cenas sequenciais e muito bem editadas, três frentes diferentes de ação, dentro de um mesmo contexto. Dunquerque é uma região da costa norte da França – a poucos quilômetros da Bélgica -,  onde em 1940 ocorreu um episódio muito importante da Segunda Guerra Mundial, quando franceses e britânicos ficaram acuados/cercados pelas tropas alemãs e tinham como única salvação contra um inevitável massacre a saída pelo mar, no caso o Canal da Mancha – mediante a evacuação de mais de 300.000 soldados. Apesar de o filme retratar apenas uma parte do que foi a realidade (principalmente as batalhas aéreas, nas quais houve dezenas e dezenas de baixas), a história é levada a sério e procura mostrar em cenas cruas (algumas de um realismo perturbador) toda a situação desesperadora que envolveu o isolamento, a necessidade de fuga e a espera pelo socorro, por milhares e milhares de aliados, com frio, medo e fome. O “Milagre de Dunkirk” (termo de Winston Churchill) somente ocorreu porque surpreendentemente Hitler (ou à sua ordem) resolveu diminuir os avanços das divisões panzer (blindados), que já vinham em várias frentes de ataque, fato que ainda hoje é discutido e tido como um grande erro histórico, pois – defendem os historiadores – se tivesse sido sanguinário como deveria (e como sempre), o Kaiser teria conseguido com o avanço impiedoso  uma vitória de efeitos avassaladores. A conclusão é de que muitos dos soldados que poderiam ter sido mortos acabaram ajudando a invasão aliada da Normandia, quatro anos mais tarde (Dia D). Direção de Christopher Nolan (Amnésia, Insônia, A origem, Batman, Interestelar…), uma co-produção, americana, francesa, germânica e holandesa e que tem pedigree para Oscars.  9,0