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AO BALANÇO DAS HORAS (ROCK AROUND THE CLOCK)

Este filme de 1956 e produzido pelo chamado “Rei dos filmes B”, Sam Katzman (que fez vários de Elvis Presley nos anos 60), é um musical e que tem o mérito de reafirmar ao mundo o sucesso da novidade que naquela época transformou e alucinou a juventude, substituindo os tradicionais bailes de orquestra: o rock and roll ! E essa transformação iniciou principalmente na figura de Bill Haley & seus Cometas, que na verdade dois anos antes haviam estourado com a música “Rock Around the Clock”, que dá título original ao filme, que surgiu na verdade na onda do sucesso da música e do movimento e que tiveram outros propulsores, como Alan Freed, The Platters, Tony Martinez & banda e Freddie Bell and His Bellboys. Todos retratados no filme, que nos dá o prazer de apresentar algumas músicas que já se tornaram clássicas dessa época. A história contada aqui é uma ficção a respeito da descoberta do rock and roll e tudo é extremamente simples, até ingênuo, com furos de roteiro etc, sendo o filme banal do ponto de vista técnico e artístico. Entretanto, o seu valor efetivo é o “documental”, pois além de nos propiciar a visão da origem das coisas (e dos artistas), nos permite perceber a radical mudança de costumes e o que seria uma verdadeira e irreversível revolução no mundo da música. Há também mérito em uma ou outra cena artística, geralmente com a participação de Lisa Gaye, que era dançarina e atriz americana e tinha apenas 21 anos quando fez o filme, unindo talento com beleza física. Também carismático, atua muito bem o ator e cantor Johnnie Johnston, muito popular nos EUA na década de 40 e que na época do filme tinha 41 anos. Muito importante destacar, por fim, que o filme gerou nos EUA (onde foi obviamente lançado) inúmeros escândalos e verdadeiras desordens nas salas de cinema e fora delas – histerismo, destruição de patrimônio, desrespeito às autoridades etc -, o que não foi muito diferente em São Paulo e Rio de Janeiro, quando foi lançado no Brasil, naquele mesmo ano. Esses fatos repercutiram não apenas na mídia, mas geraram intensos e prolongados debates sobre censura, juventude, costumes etc, nas mais variadas camadas sociais (delegados, juízes, psicólogos, educadores etc), sendo fato que o rock and roll entrava oficialmente no Brasil no final de 1956, mas não de forma totalmente pacífico, sendo inclusive chamado de “ritmo selvagem” e gerando até mesmo providências severas e formais do governador de São Paulo, na época o conhecidíssimo Jânio Quadros. 8,0