A VIDA EM SI (LIFE IT SELF)
Um filme de 2018 e que merece ser descoberto. Porque, apesar de dilacerante sob certo aspecto, sob outro ângulo é maravilhoso. É um filme sofrido, porque mostra alguns lados dolorosos da vida, mas ao mesmo tempo é um filme belíssimo, porque mostra o esplendor das conexões, o impacto dos fatos vividos nas gerações, que a felicidade e o amor nos esperam, desde que cada vez que a vida nos coloca de joelhos nos levantemos dispostos a vencer. Essa é a mensagem que fica no final. Só que a história dos vários personagens, lugares e épocas não é contada de maneira fácil. É necessário que tenhamos paciência e que vamos aos poucos formando todo o contexto, montando as peças do quebra-cabeças, que começa parecendo assim, mas que vai se aclarando cada vez mais com o curso do enredo. Essa é uma virtude e que torna o filme difícil, embora especial. E por esse motivo e pelos momentos impactantes também não é, talvez, para qualquer tipo de público. Mas quem se deixar levar e souber que a realidade não deve intimidar e sim estimular, ensinar, será recompensado com uma obra magnífica em termos de princípios, conceitos e sentimentos. E a parte final do filme é comovente, espetacular, aliás, a mensagem linda do filme começa a produzir seus efeitos a partir do momento em que o foco se desloca para a Espanha, com a presença carismática e memorável de Antonio Banderas e um personagem de grande relevância. E que nos dá várias lições, como todos ali, naquele ambiente. A trama, muito bem costurada, nos leva a reflexões profundas sobre o tempo, sobre nossas decisões e até mesmo sobre o reflexo delas nas gerações futuras e sob a influência das anteriores. Ótimos atores, jogos de cena, costura das histórias e trilha sonora envolvente, como o próprio enredo. Não é difícil lembrar do ditado que diz que a vida é um sopro, meramente. O filme nos transporta, nos faz viajar, testa nossas emoções e provoca sonoros efeitos em nossos corações. O que somente obras sensíveis e grandiosas conseguem. Muito feliz a divisão em capítulos, a narrativa in off, a edição, a trilha sonora, a direção de Dan Fogelman (This is us) e o elenco, com Olívia Wilde (House), Oscar Isaac (Ex machina) e Annette Bening (Beleza americana), entre outros. 9,3