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A ÁRVORE DA VIDA

O filme concorreu ao Oscar de Melhor Filme em 2012. E ganhou a Palma de Ouro em Cannes (2011). Não por esses motivos, mas pelo seu próprio conteúdo, não pode de modo algum ser chamado de filme vazio, desprovido de significado. Tudo foi feito para ter uma lógica e retratar um pensamento, uma filosofia, enfim. E tecnicamente é majestoso. O problema é que é um filme bastante difícil de ser entendido em sua verdadeira essência. Talvez nesse ponto até resida sua maior atração. É um manancial para os sentidos, não há dúvidas, assim como permite inúmeras interpretações de suas cenas…as imagens são belíssimas, vão passando, algumas fáceis de entender, outras nem tanto, vão dando forma à mensagem, embora muitos detalhes sejam enigmáticos, alguns até talvez só possam ser esclarecidos pelo escritor e diretor, o competentíssimo Terrence Malik (Terra de ninguém, Cinzas do paraíso…). Como dito acima, é um dos chamados “filmes de arte” e por isso provavelmente jamais ganharia o Oscar. Senti que a leitura sob o ponto de vista religioso é a tônica maior, até pela citação da Bíblia, feita ao início do filme. O pai representa o Deus, que é amor e ódio ao mesmo tempo? O castigo e o arrependimento? A inevitabilidade de se seguir lutando mesmo diante das perdas? O filho/irmão representa a culpa eterna? Cada um deve ver e analisar a seu modo, diante de tantos símbolos, metáforas e fantasia. Esta crítica faço após ver o filme pela segunda vez. Mas é fato que poucos filmes mostram, como este, os singelos e dramáticos/traumáticos contornos de uma família da década de 50 governada por um pai austero e tirano, que ao mesmo tempo em que pratica as mais vis agressões (inclusive físicas), recrimina-se pelos atos cometidos, talvez em busca de sua própria redenção. As vítimas, a esposa e principalmente os filhos, são aqui retratados de uma forma que realmente choca, por se aproximar com a realidade. A produção é excelente, inclusive o elenco tendo desempenho muito acima da média, começando por Brad Pitt (que produziu e poderia concorrer ao Oscar por esse filme e não pelo do baseball), passando pela sua esposa no filme, Jessica Chastain (excelente, como já foi em Histórias Cruzadas, filme pelo qual foi indicada ao Oscar de Melhor atriz coadjuvante) e pelo talentosíssimo elenco adolescente. Não é um filme para se ficar indiferente: pode-se odiar, pode-se amar… Mas tem o cheiro daqueles que com o tempo viram “cult”.  8,5