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MR. JONES

Este drama se passa por volta de 1933 e é baseado em fatos reais, envolvendo política, mídia, a busca da verdade, sendo principalmente aquela que os regimes totalitários procuram esconder do mundo. O protagonista é um jornalista galês que dá nome ao filme, interpretado por James Norton. Vemos as dificuldades de se romper certos limites, inclusive nas relações sociais e diplomáticas –com repercussões econômicas evidentes-, mesmo havendo fortes suspeitas de que o que se divulga não corresponde exatamente ao que é real. No caso, essa suspeita recai sobre a União Soviética de Stalin e a propaganda de que tudo são flores no Regime, o que desperta a curiosidade e o tino investigativo do idealismo. Tramas, desafios, suspense e tensão, em um filme de estrutura simples, mas bem produzido e que curiosamente entrelaça os destinos do personagem com a figura do famoso escritor George Orwell, sendo inclusive algumas cenas enriquecidas por trechos do famoso livro Animal farm (A revolução dos bichos, em português), que justamente satiriza o regime Stalinista – o qual mesmo após a guerra civil espanhola ainda tentava passar para o mundo (principalmente aos britânicos) que todo aquele horror alardeado (fome, trabalho forçado, execuções em massa, morte de milhões de pessoas) era apenas propaganda nazista ou invenção dos inimigos do regime supostamente socialista democrata (na verdade um regime absolutista e abominável). O filme não traz novidades, mas é muito bem feito e retoma um tema que é sempre incômodo, mas merece ser revisto pela sua relevância para a humanidade: não só a terrível realidade de que todos tomaram conhecimento, mas principalmente a falsa propaganda sobre ela e, mais ainda, a resistência hipócrita em reconhecê-la, o que rendeu até um Prêmio Pulitzer para um famoso escritor que defendeu a unhas e dentes a mentira, aproveitando-se de sua estatura profissional (enfatizado no filme). A diretora é a polonesa Agnieszka Holland, que entre outras obras dirigiu alguns episódios de House of cards. Detalhe: no livro citado de Orwell, publicado vários anos depois (em 1945), o fazendeiro da história se chama Mr. Jones.  8,2