A HORA DO LOBISOMEM (SILVER BULLET)

Um filme de lobisomem, como o título em português, aliás, anuncia sem nenhuma sutileza, ao contrário do nome original, que  deixa claro do que se trata mas não é direto (como se sabe, segundo a lenda, o único meio de se matar um lobisomem é com um tiro de bala de prata). Além disso, o ponto vital da trama é o menino com paralisia nas pernas e a motocicleta adaptada que o transporta tem justamente o nome “silver bullet” gravado, fato que faz analogia com o referido título original, obviamente muito mais apropriado. Este é um filme que poderia ser excelente, embora não deixe de ser bom (há momentos intensos) e de ter ótimas cenas. Aliás, dois ou três instantes de um suspense muito bem construído. Mas tem duas cenas de pastelão que tiram a seriedade do filme (difícil acreditar terem sido incluídas no roteiro original) e o final é muito mal feito, com cenas mal aproveitadas, mal estruturadas, em muito por conta do canastrão que é o ator que faz o tio (Gary Busey). Felizmente, porém, o menino tem um desempenho muito bom e a menina é ótima: basta ver a atuação dos três na última cena e já se constatará tais fatos. Este filme não explora a lenda como poderia e deveria, concentrando-se mais na vida da cidadezinha, que de repente se vê às voltas com um “monstro”, que ninguém vincula com o ser mitológico. Do modo como as coisas acabam acontecendo, não faria diferença se o assassino ao invés de ser um lobisomem qualquer outra “entidade” ou uma pessoa louca ou violenta. É um filme, no entanto, com muitos fãs e de certa forma marcou a época de seu lançamento (1985), permanecendo –também pela transformação do homem em lobisomem, façanha dos efeitos especiais e muito comemorada na ocasião- como um dos melhores desse gênero, de todos os tempos. Detalhe: o roteiro é de Stephen King.  8,0