À ESPERA DOS BÁRBAROS

Um drama com conotações históricas e que apesar da baixa nota no IMDb (Internet Movie Database) é uma bela obra e que merece ser vista. O foco é uma espécie de pequeno quartel de fronteira, no meio do nada, em local e época indefinidos, mas pertencente ao império britânico e que é comandado por alguém denominado de “magistrado”, cujos problemas só começam efetivamente quando os todo poderosos colonialistas resolvem se importar com o suposto perigo que os bárbaros representam para o domínio da rainha e a lealdade dos “súditos” passa a ser questionada. A partir daí, vemos Johnny Depp e Robert Pattinson muito bem como vilões, porque ao darem cores reais à crueldade dos meios de dominação (entre os quais a tortura) e aos sentimentos de superioridade racial, tornam-se automaticamente inimigos do comandante local e da situação então pacífica de convivência. Merece um parêntesis a atuação do ator Marc Rylance (Oscar de Melhor ator coadjuvante por Ponte dos espiões): simplesmente soberba, alternando de forma profunda e convincente diversos sentimentos (lealdade, bondade, ira, generosidade, humildade, revolta…) e despertando, com seu talento e entrega, intensas e variadas emoções no espectador. O filme tem divisões quase imperceptíveis segundo as estações do ano, mostra alguns cenários não muito usuais e até uma tempestade de areia (que não é mais comum em filmes há muitos anos) e contempla um pequeno mundo que acaba representando  e definindo o vasto império, infelizmente infestado pela filosofia comum a todos os usurpadores, o que causa muita indignação no espectador, exposto a algumas cenas cruéis e impactantes, embora o filme também traga –embora em meio ao caos- algumas cenas de muita beleza, como a da lavação dos pés. A ótima atriz Greta Scacchi também atua, mas quase irreconhecível. Um ótimo filme, dirigido pelo colombiano Ciro Guerra (El abrazo de la serpiente) e baseado em livro de J. M. Coetzeem, tendo sido selecionado e também exibido em várias mostras de festivais. 8,7