Este é um filme de 1976 e que ganhou vários e merecidos prêmios. Interessante que não é citado entre os melhores filmes de todos os tempos, mas é um filmaço, com todos os ingredientes de uma obra de expressiva qualidade e por incrível que possa parecer: tem atualidade. Ganhou em 1977 o Globo de Ouro de Melhor roteiro, Melhor diretor, Melhor ator e Melhor atriz, o Oscar de Melhor roteiro original, Melhor diretor, Melhor ator, Melhor atriz e Melhor atriz coadjuvante, além de diversos outros prêmios. O diretor foi Sidney Lumet (12 homens e uma sentença, Sérpico, Um dia de cão, O veredito, Antes que o diabo saiba que você está morto, Equus…), o ator principal Peter Finch e a protagonista Faye Dunaway, todos com ótimas atuações. Mas também se destacaram Robert Duvall e principalmente o veterano William Holden (A ponte do rio Kwai, Crepúsculo dos deuses, Inferno nº 17, Meu ódio será tua herança, Suplício de uma saudade, Férias de amor…), que se fosse incluído na categoria de Ator coadjuvante (como a Academia já fez várias, separar dois destaques em categorias diferentes) teria ganho o seu Oscar, porque mereceria. Aliás, não seria exagero ele ganhar o prêmio de ator principal (consagrado no cinema e quase sessentão). Inclusive suas falas no filme são sem dúvida um destaque -prestar atenção nelas é definir o próprio filme e os possíveis meios de sobrevivência a um sistema poderoso. Mas Peter Finch está realmente inesquecível e o papel é vital na história. Apenas a melhor atriz coadjuvante, Beatrice Straight, foi um Oscar inexplicável e exagerado (atuou menos de 10min no filme). De resto, um filme adulto/maduro, irônico, que explora com ritmo feroz um mundo vasto e importante, que é o da mídia, fazendo paralelos com os dramas humanos e inserindo no contexto os valores e vícios dos seres humanos, de onde pipocam efeitos de todos os tipos e tamanhos, que também definem os contornos da industrialização e da manipulação da cultura. Através dos bastidores da televisão, da busca de audiência e do lucro, observamos com uma lupa as ambições e o ridículo da humanidade, assim como, nas entrelinhas, também os valores e a lucidez a serem preservados a qualquer custo – por mais que seja uma pesadíssima missão. 9,3
