A COR PÚRPURA (THE COLOR PURPLE)

O primeiro filme, também baseado no livro de Alice Walker e dirigido por Steven Spielberg, fez um grande sucesso no ano 1985 e recebeu 11 indicações para o Oscar de 1986, caprichosamente não ganhando nenhum deles. Esta produção de 2023 é um remake, mas sob a forma de musical, dirigido por Blitz Bazawule e curiosamente tendo como um dos produtores o mesmo Spielberg (além de Oprah Winfrey e Quincy Jones, entre outros). Não perdeu seu vigor e sua poesia, embora boa parte seja triste e dolorida, mesmo em meio a uma bela paisagem de flores púrpuras. Mas é basicamente a mesma história, embora, neste caso, da metade em diante o drama atinja níveis mais intensos e com isso propicie efetivamente sensíveis emoções, com pelo menos um grande número musical (na inauguração do bar do Harpo, com a festejada Shug Avery). E todo o elenco apresenta grandes performances, notadamente Colman Domingo no papel de Mister e Danielle Brooks como Sofia: ele foi um dos indicados ao Oscar 2024 na categoria de Melhor ator, mas não por este filme (e sim por Rustin); ela, por este filme, foi indicada a Melhor atriz coadjuvante. A história é a mesma do filme anterior, vale dizer, repleta de momentos doídos, relacionados com condutas violentas, opressoras, preconceituosas e principalmente machistas, além de separações, saudades, injustiças. Frutos de uma época e dos costumes locais, alguns desses fatos são verdadeiros absurdos, mas têm sua força insana absorvida pela impotência das vítimas, basicamente mulheres negras. Entretanto, existe mesmo lá alguma luz e que acaba iluminando momentos importantes do filme, inclusive enaltecida pela trilha musical. Por fim, durante os créditos finais vale a pena admirar os belíssimos bordados, que reproduzem momentos do filme. E se recomenda, notadamente pela parte final do filme, o uso de lenços, como forma de resgatar um pouco a dignidade. 8,9