A CONFISSÃO (THE CONFESSION/LA CONFESSION)

Os vastos dramas da Segunda Guerra Mundial sempre rendem boas histórias. E o cinema francês sempre foi mestre em contar ou criar muitas delas. É o caso aqui, da França ocupada e da guerra rumando para os seus derradeiros dias, mas ainda com todas as circunstâncias trágicas que a cercaram. Interessante neste caso o foco centrado na espiritualidade, tanto quanto ao tratamento dado aos acontecimentos de opressão e violência, como no tocante aos próprios questionamentos envolvendo a fé, a vocação, a devoção, notamente pelo relacionamento subitamente estreitado entre um padre e uma mulher de ideais comunistas, naturalmente descrente religiosa. A tensão que se cria é difícil de definir e poderá gerar dúvidas e até conclusões enganosas, tudo isso em meio ao caos, à destruição e ao ambiente de miséria e desesperança, no vilarejo rendido pelos alemães. O espectador é envolvido nesse clima e fica efetivamente refém dele, pelo menos por algum tempo. Este filme tem um título muito fácil de confundir, porque existem vários semelhantes no cinema. Neste caso, trata-se de um drama de guerra feito em 2016 e baseado em obra literária, estrelado por Romain Duris e Marine Vacth (ela como sempre ótima), ele tendo feito filmes como Eiffel, O albergue espanhol, Bonecas russas e ela Jovem e bela, O amante duplo, A farsa, entre muitos outros. O diretor é o francês Nicolas Boukhrief e já houve inclusive filme anterior (de 1961) baseado no mesmo livro (emborra sob diferentes enfoques), no caso estrelado por Jean-Paul Belmondo e Emmanuelle Riva, de nome Léon Morin – o padre. O final deste filme deixa um certo nó na garganta, mas também é certo que proveniente de um artifício dramático já reprisado em diversas obras e que evoca a nostalgia e o sentimentalismo. 8,6