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À BEIRA DO ABISMO (THE BIG SPLEEP)

Este é um dos mais famosos filmes do cinema noir e tem realmente sua qualidade, além de ter feito história por alguns detalhes: o co-autor do roteiro é William Faulkner, um dos maiores romancistas do século XX e que três anos depois (1949) viria a ganhar o Nobel de Literatura; o roteiro é baseado na obra do famoso escritor e romancista Raymond Chandler; o detetive Philip Marlowe é interpretado pelo ator que foi considerado um dos mais influentes de Hollywood, em todos os tempos, inclusive talhado para esse tipo de papel: Humphrey Bogart, que 5 anos antes havia feito O falcão maltês, fora inúmeros outros filmes (Uma aventura na Martinica, O diabo riu por último, No silêncio da noite, A condessa descalça, O tesouro de Sierra Madre, Uma aventura na Àfrica – filme que lhe deu o Oscar de Melhor Ator…); a femme fatale –embora haja várias no filme- é Lauren Bacall, casada com Humphrey na época deste filme e que também participaria de muitos na história do cinema, entre eles Uma aventura na Martinica e Paixões em fúria; o diretor é o consagrado Howard Hanks, que dirigiu inúmeros filmes famosos, entre os quais Rio vermelho, Rio bravo, Scarface, Os homens preferem as loiras, Uma aventura na Martinica, Onde começa o inferno, Hatari e O esporte favorito dos homens. De fato, o filme tem muito mais qualidades do que defeitos, com todos os elementos fotográficos do cinema noir, uma bela trilha sonora e um ritmo incessante. Os diálogos são ácidos e saborosos e o detetive encarna o padrão que se espera dos heróis do gênero: másculo (bebidas, cigarro, revólver), durão, ágil no pensamento e na ação, palavras rápidas e afiadas (maliciosas) e atraindo todas as mulheres com sua maneira dominadora e ao mesmo tempo misteriosa e imprevisível. O roteiro é cheio de fatos que se intercalam e se emaranham, para alguns sendo um pouco complexo e até prolixo. Não achei tanto assim e considero a história criativa. Mas o ponto fraco do filme é falta de um elemento-surpresa, de algo que quebre os padrões e cause uma emoção autêntica. A história é interessante, prende a atenção, o filme sem dúvida está entre os bons do gênero noir, mas eu não o coloco entre os top de linha justamente pela falta desse componente a mais e que distingue os bons filmes das obras exponenciais. De todo modo, um ótimo passatempo e uma produção acima da média e que se destaca na galeria dos noir. 8,6