INGRID VAI PARA O OESTE

Quanto mais antiga a geração, maior o choque e a perplexidade com o que se passa nas redes sociais hoje em dia: não somente com o que é dito e propagado, mas também pelos reflexos, as influências, a ascendência de figurinhas carimbadas, que viram gurus da noite para o dia e se transformam subitamente – e muitas vezes surpreendentemente – em ídolos, conforme o número de seus seguidores. Este filme tem o mérito de revelar parte desse universo e o faz bem, na medida em que por diversas vezes deixa o espectador desconfortável com o que mostra: mas não apenas com os fatos, mas igualmente com a conduta da própria personagem central, interpretada – de modo apenas satisfatório – por Aubrey Plaza (April em Parks and Recreation). Como público das antigas, reconheço que nutri diversos sentimentos – alguns bem negativos (pena, desprezo…) – pela Ingrid Torburn do filme, em sua obsessão por Taylor Soane, vivida por Elizabeth Olsen (a Feiticeira Escarlate no Universo Marvel). O que significa que o filme, afinal, cumpriu o seu propósito, de retratar a realidade atual e expor o lado mais perverso das redes sociais, ao mesmo tempo, revelando a face menos glamurosa da fama. Entretanto, o roteiro tem falhas, o desenvolvimento/andamento não é perfeito, totalmente harmonioso, por vezes perdendo o interesse e se arrastando; além disso, há personagens mal construídos ou dispensáveis. Apesar disso, pode-se concluir que os defeitos não o contaminam de uma maneira tão contundente assim e que pode, sem grandes esforços, ser considerado um bom trabalho do diretor principiante Matt Spicer, além de um aceitável/agradável divertimento. 7,8