Imprimir Shortlink

SAYONARA

Este drama pós segunda guerra, feito em 1957, foi o que teve mais indicações no Oscar de 1958: filme, diretor, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, edição/montagem, mixagem de som, direção de arte e fotografia. Ganhou nas categorias de mixagem de som, direção de arte, ator coadjuvante (Red Buttons) e atriz coadjuvante (Miyoshi Umeki, em seu primeiro papel no cinema). Estes dois últimos formam o casal de amigos do protagonista, interpretado de forma como sempre diferenciada pelo ator Marlon Brando, que é realmente é algo à parte: em certos momentos ele parece brincar de interpretar, mas em outros simplesmente magnetiza o espectador, apresentando cenas impressionantes do grande ator que sempre foi. Também trabalha no filme o conhecido ator James Garner (Maverick da TV). Os fatos se passam no Japão, na época em que ainda havia muitas feridas não cicatrizadas e e mágoas não resolvidas, por parte tanto dos japoneses, quanto dos americanos (principalmente). À parte do que é mais profundo na temática do filme, todavia, ainda somos brindados com uma aula muito rica a respeito da cultura japonesa, em todos os sentidos e em toda a sua amplitude. Até por esse motivo, o filme em sua primeira metade não provoca grandes emoções, ao contrário apresentando até mesmo alguns momentos de tédio. Principalmente para quem não aprecia a arte japonesa, principalmente a musical-teatral, com aqueles instrumentos estranhos. Vemos com muito prazer, entretanto, detalhes da educação dos japoneses, de sua cultura geral, de sua culinária, da história preservada e que acaba conquistando a simpatia, a afeição e a empatia. Assim como também faz o filme em sua segunda metade, quando as situações dramáticas acabam acontecendo e ocorrem os fatos e as críticas ao exército americano -e por extensão a toda a política americana-, por suas atitudes racistas, segregacionistas e por sua hipocrisia, fatores que acabam inclusive por definir o destino de diversos personagens, colorindo o filme com ares de tragédia. Mas vemos também a bondade, a delicadeza e a beleza da comunhão das raças e culturas, sendo fato que em 1956 mais de 10 mil soldados americanos violaram as regras e se casaram com mulheres japonesas. Com bela trilha, figurinos e também fotografia, o diretor Joshua Logan (Férias de amor, Nunca fui santa) apresenta um trabalho coeso e em parte audacioso, que critica violentamente a intolerância da política americana, mas ao mesmo tempo e no final das contas celebra o amor, no encontro -e surpreendentemente também no desencontro -das diferenças.  8,7