MORTE EM VENEZA
Baseado na obra de 1913 de Thomas Mann, este filme de produção ítalo-francesa foi dirigido em 1971 por Luchino Visconti (Rocco e seus irmãos, Os deuses malditos, O leopardo) e é estrelado por Dirk Bogarde e Silvana Mangano e com a participação de Marisa Berenson. Passa-se, como o nome indica, em Veneza e a época é o início do século 20, quando paralelamente ao foco principal do enredo, vemos se instalar a cólera asiática, por mais que a cidade procure disfarçar esse fato (por razões óbvias vinculadas ao turismo). O olhar e o comportamento do protagonista, ao longo da história, vão sendo afetados pela chegada da peste e esse acaba sendo mais um elemento que perturba o seu objetivo principal de descanso e paz de espírito: porque o grande agente de desequilíbrio e que é tão inesperado, quanto poderoso, tem apenas 14 anos e atende pelo nome de Tadzio. Em relação a ele, o compositor austríaco projeta todos os seus ideais de beleza (ou seria só uma atração homoafetiva?). Embalado por Mahler, o filme é lento, contemplativo e aprofunda esse descontrole por que passa Gustav, diante do que considera a perfeição e que o atrai cada vez mais para um abismo que desconhecia: o do amor amargo, porque inalcançável. À luz do personagem, ironicamente tudo acaba soando como a melancolia de uma obra inacabada. O tema central da obra já era incômodo para a época em que foi produzido, gerando muita polêmica, sendo fato que se fosse atual facilmente provocaria debates intermináveis sobre a pedofilia e os limites da arte e da censura. Mesmo assim, a obra recebeu muitas indicações e vários prêmios, inclusive para melhor filme, direção, ator, fotografia, figurino e direção de arte. 8,6