FOGO CONTRA FOGO (HEAT)
Fora neste filme de 1995, Robert De Niro e Al Pacino atuaram juntos em As duas faces da lei e O irlandês (mais recentemente), fora as edições de O poderoso chefão. Parte do encanto deste filme é desfrutar dos dois trabalhando juntos (o que para eles também deve ter sido um prazer). Ver dois ícones, dois “monstros sagrados” do cinema atuar é uma experiência de impacto e emoção única. Neste filme há um momento especial e aparentemente calmo, em que os dois conversam em um Café, cada qual exaltando a bandeira que defende, no caso o criminoso e o policial, Pacino e De Niro, que representa a grandeza desses dois atores. De Niro já mostra seu magnetismo na primeira cena do filme, aparecendo com sua figura forte e enigmática. E até nos faz, distraídos, em alguns momentos da história torcer não para o mocinho, mas para o bandido! Escolher alguns exemplos, sem ordem cronológica, do currículo de cada um já resume bem o que foi dito acima: DE NIRO fez Taxi driver, O franco atirador, O poderoso chefão, Era uma vez na América, Touro indomável, Cabo do medo, Os intocáveis, Tempo de despertar, A missão; PACINO, Sérpico, Scarface, O poderoso chefão, Perfume de mulher, Parceiros da noite, Um dia de cão, Insônia, Vítimas de uma paixão, Advogado do diabo. Mas este filme, dirigido com várias marcas do cinema de Michael Mann (O último dos moicanos, Ali, Colateral, O informante), não se limita aos dois, naturalmente. Temos as ótimas figuras de Val Kilmer, Ashley Judd (ainda bem jovial), Amy Brenneman e Jon Voight, entre outros rostos conhecidos e desconhecidos e também Natalie Portman, com idade de 13 para 14 anos e sequer sabendo ao certo com quem estava contracenando! Todo o elenco é muito competente e afinado. E o filme tem o mérito de se desenvolver em um crescente e, graças ao tempero que o diretor conseguiu imprimir, seu lado dramático (inclusive mais intimista) se harmoniza perfeitamente com sua feição eletrizante, representada pelo ritmo incessante (que não nos deixa perceber a longa duração) e por cenas de ação e de violência, com o ótimo ingrediente extra da trilha sonora. E a qualidade do enredo e o desenvolvimento dos personagens o configura como um dos exponenciais dentro do gênero policial, de todos os tempos. A cena do tiroteio na saída do Banco é praticamente antológica e parece típica de final de filme, mas isso não ocorre. São instantes intensos, emocionantes, mas o final guarda ainda um desfecho com momentos igualmente empolgantes e tensos, que parecem inclusive reafirmar que cumpre a cada um escolher a cada instante da vida “o caminho a ser tomado” e é o conjunto dessas escolhas que forja o indivíduo e também define o seu destino. 9,3