STEVE JOBS

“Em 1984 a Apple lançará o Macintosh”… O filme começa dinâmico, acelerado. Após uma impressionante “profecia” do grande autor e inventor Arthur C. Clark, temos uma situação prévia a um importante lançamento de produto do vale do silício gerando grande tensão. E assim se inicia toda uma história, que já tinha seus precedentes (que vemos em flash backs, nos tempos das criações de garagem) e que tem como ponto central a figura de Steve Jobs. No evento citado, tratava-se da criação do Mac para confrontar a poderosa IBM. Mas muitas coisas aconteceram e o filme tenta retratar todos os fatos e a evolução tecnológica, mostrando os bastidores da concorrência, do sistema nervoso da máquina (pressões) e dos seus integrantes, inclusive no tocante à pessoa temperamental do “chefe”. Que aqui é o foco principal, interpretado de uma forma segura, forte e vigor impressionante por Michael Fassbender, que pelo show de interpretação foi indicado ao Oscar 2016 e mereceu longa homenagem feita pela parceira Kate Winslet, ao receber o Globo de Ouro de melhor atriz: Kate também brilha neste filme, fazendo a eterna e paciente assistente de Steve (mas mostrando uma personalidade muito delineada e interessante). Jeff Daniels também está muito bem, como o diretor executivo da Apple. A par de contar os fatos históricos (relação entre Steve Jobs e a Apple e seu CEO, saída dele da Apple para fundar a NeXt, estratégias envolvendo sistemas operacionais etc. – temas muito interessantes), porém, o ponto crucial do roteiro é efetivamente o polêmico personagem Steve Jobs, tão admirável como gênio científico criativo e visionário, como deplorável por sua absoluta incapacidade de manter relações interpessoais em um nível aceitável de humanidade: o filme mostra um Steve arrogante, egocêntrico, insensível às emoções, uma inteligência pulsante, mas um idiota incapaz de resolver problemas aparentemente primários de relacionamento: alguém que gastaria milhões de dólares em um projeto, mas resistiria ao máximo em reconhecer a paternidade ou dar 2 mil dólares para a ex namorada tratar os dentes. Alguém que não hesitaria em despedir um amigo, caso não o considerasse mais necessário na empresa. O filme questiona também algumas “paternidades” quanto ao pioneirismo das invenções que redundaram nas poderosas empresas e também apresenta grandes momento de tensão (de bastidores principalmente: demo com falhas na iminência de apresentar ao público etc.) e emoção, fazendo uma perfeita conexão entre a maravilhosa atuação do par central com direção, edição e trilha sonora.  8,5