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ROOM (O QUARTO DE JACK)

room_t98036_jpeg_210x312_crop_upscale_q90Esta produção Canadá-Irlanda é uma viagem. Nada fácil, em muitos momentos realmente dolorosa, mas ainda assim uma viagem. Pois parece que vemos passar uma década, sem que a vivenciemos, apenas sabendo e sentindo. Mérito do roteiro adaptado e da direção de Lenny Abrahamson. Que aos poucos vai apresentando ao espectador o universo que tem sob mira. A câmera no início fechada e pouco reveladora, vai cautelosamente abrindo um panorama, que mesmo assim se revela estranho. Por que o quarto de Jack é seu único mundo? Por que a mãe age daquela maneira? Os fatos não são compreensíveis de imediato e constituem inclusive um bom teste para os nossos pré-conceitos. Porque ao presenciar as cenas iniciais passam pela nossa cabeça definições de crueldade, maldade, patologia. Mas isso porque assim quis o roteiro de forma premeditada, permitindo-nos apenas lentamente o conhecimento da realidade e com isso obtendo o maior efeito possível com a revelação e com os fatos posteriores aos grandes momentos de tensão, que envolverão dificuldades não imaginadas. As surpresas serão um tapa ou um murro, dependendo da sensibilidade de quem vê o filme. De todo modo, é um trabalho muito bem acabado, forjado com extrema perfeição e habilidade, em total harmonia da direção com a atuação, principalmente do pequeno Jacob Tremblay (impressionante para a idade). Mas Brie Larson é ótima, em um papel extremamente difícil, contando o elenco ainda com os sempre talentosos Joan Allen e William H. Macy. Há momentos extremamente marcantes de tensão e emoção, enaltecidos pela ótima trilha sonora: e se a cena com a polícia é extraordinária cinematograficamente falando – inclusive culminando com o abraço que provoca intensa emoção -, a da entrevista seguida pela do banheiro não ficam atrás, ao nos causar, com a emoção, também um profundo impacto. E não são cenas meramente gratuitas, fazendo parte de um contexto muito bem articulado. E que diz muito respeito ao amor e à família…É um filme forte, mas original e que se destaca, inclusive estando incluído entre os cinco que concorrerão ao Globo de Ouro de Melhor Filme no próximo dia 10 de janeiro de 2016. Brie foi indicada para Melhor Atriz. Na minha opinião, só O REGRESSO pode desbancar este filme. 8,7