WADJDA
Uma história simples (embora com muitas mensagens nas reticências), que penetra com ousadia e competência no universo dos costumes árabes, onde dominam o ensino religioso, as proibições ainda estranhas para nós (a esposa não pode sair de casa porque ficou sem o motorista, por exemplo), o universo masculino e onde, em meio a uma realidade mostrada de forma bastante ampla e não usual para nós – a vida social e pessoal da protagonista – , uma bicicleta se torna um essencial símbolo de libertação, pois é o sonho de consumo da personagem (excelente interpretação da menina Waade Mohammed, que faz aqui o seu primeiro filme), que, inconformada por ter que seguir todas as normas, não entende bem o porquê de não poder fazer tudo o que os meninos fazem, principalmente andar de bicicleta (ato, no caso, não recomendado para meninas, inclusive por atentar contra a honra). Filme indicado (surpreendentemente pelo tema que aborda) a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pela Arábia Saudita (2014), foi também a primeira vez que um filme saudita foi dirigido por uma mulher, no caso, com enorme talento: Haifaa Al-Mansour. Ao que parece não passou na seleção inicial do Oscar, mas mesmo assim é um filme bonito, diferente e que vale a visão. 7,5