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O PERFUME DA MEMÓRIA

221185.jpg-r_640_600-b_1_D6D6D6-f_jpg-q_x-xxyxxEste é o terceiro filme de Oswaldo Montenegro (que aqui é apenas o narrador), mas o segundo a que assisto (antes, Solidões). E novamente tenho uma surpresa muito agradável. O “menestrel” de fato aprendeu que uma forma importante de arte é justamente mesclar as variadas espécies de manifestação artística, sem preconceitos ou limites…O cinema neste caso funciona como uma ampliação da arte teatral e musical do grande artista, proporcionando ao espectador momentos de intensa emoção. Aqui, as cenas dramáticas são emolduradas pelas lindas músicas e a trilha sonora compõe com a história e com as protagonistas (atrizes escolhidas a dedo) um universo de magia e sensibilidade. As emoções acabam ficando à flor da pele e no final nos sentimos até fragilizados diante das verdades que experimentamos e também com as quais nos identificamos. A direção – e as necessidades artísticas – do sensível compositor/cantor e agora cineasta encontra a resposta precisa nas superlativas performances de Kamila Pistori e Amandha Monteiro – com um fundo cênico/musical de Madalena Salles na flauta e da filha Janaína no cello. Na verdade, ponto vital do filme é o fato de que Kamila e Amandha não são apenas boas atrizes: elas estão simplesmente espetaculares, dentro de um contexto onde o relevante é o ser humano e o estudo de sua alma, de suas fragilidades e de suas buscas. As simbólicas cores de sonho da poesia e da música de Oswaldo encontram agora um campo fértil no mundo real, de pessoas e de sentimentos, explorados com muita propriedade e delicadeza.  9,0