ATRÁS DA PORTA (THE DOOR)
Apesar do que inicialmente se poderia esperar de um drama húngaro – com co-produção alemã -, este é um filme leve, exceto em sua parte final, quando o drama se acentua bastante. E nada de um filme esteticamente deprimente, escuro etc., mas sim claro, com ótima fotografia, embora lento e que talvez agrade mais os apreciadores de filmes de arte ou mais velhos. O diretor é o veterano István Szabó (Mephisto, Coronel Redl…) e as protagonistas são a alemã Martina Gedeck e a notável Helen Mirren, que faz uma personagem misteriosa e difícil (aqui leia-se “ríspida”), com um segredo guardado a sete chaves e que se vinculará ao dilema ético e filosófico levantado pelo filme. Uma história passada nas décadas 60/70 (o filme é de 2012), com ótima trilha sonora (clássica) e que no seu final levanta interessantes e contundentes questões, uma delas envolvendo o pudor, a intimidade dos indivíduos e a violência terrível que é a invasão dessa privacidade, desse mundo pessoal e único preservado (…esconder minhas desgraças dos olhos do mundo…) – paralelamente à discussão sobre a conduta ética, do respeito pelo universo alheio -, funcionando como um simbolismo (inclusive com alusões políticas) para significar a destruição do próprio indivíduo e de seus valores. 8,1