45 ANOS
Cinema de primeira linha. Demonstrando mais uma vez que basta um belo roteiro, nas mãos de um competente diretor e com um ótimo elenco, sendo desnecessárias histórias mirabolantes, efeitos especiais etc. O roteiro é realmente notável, ao apresentar um casal maduro à beira de comemorar 45 anos de casados e sutilmente um fato (insólito, é verdade) que acaba se infiltrando na relação e vai assombrando aos poucos, de forma indefinida, dependendo dos contornos de realidade que passa a assumir. Nesse ponto é que a história necessita de grandes atores. Porque as nuances são diversas e o dia a dia vai sofrer afetações delicadas, variadas nesse profundo estudo da estabilidade das relações…e nesse ponto Tom Courtenay está ótimo e Charlotte Rampling “dá um banho” (para mim, ganharia o Oscar este ano). Tanto, que ambos ganharam os prêmios de interpretação no Festival de Berlim 2015. Também marcante o realismo dentro da simplicidade do cotidiano do casal de meia idade, cercado pelas coisas normais (cachorro, parentes, vizinhos…) e pelas naturais da idade. E assim, com todos os elementos de qualidade à mão, o jovem diretor britânico Andrew Haigh constrói um singular, original e belíssimo filme. 8,8