42 – A HISTÓRIA DE UMA LENDA
Com esse título em português, fica difícil manter segredo sobre o tema do filme. O “42” do título é o número da camisa do personagem, lendário no baseball. Tanto é assim, que esse foi o único número banido da camisa dos jogadores, que anualmente entram em campo usando todos esse mesmo número, como uma homenagem às conquistas de Jackie Robinson, dentro e fora do campo. Também corajoso na época (década de 40) foi Branch Rickey, executivo do time dos Dodgers, que ousou escalar um negro em época de fervoroso racismo e em que o beisebol era um esporte de brancos. E usando a ideia de uma frase do personagem de Harrison, a síntese do filme poderia ser algo como “depois da existência de Jackie Robinson, o beisebol não pôde mais ignorar o racismo”. O filme, portanto, é baseado em fatos reais: nos créditos finais vemos fotos e ficamos sabendo sobre o destino dos personagens. Há momentos muito bons e cenas de força tal, que nos deixam incomodados, principalmente por sabermos que infelizmente tal realidade existiu e ainda existe, em vários contextos. Chadwick Boseman (como Jackie Robinson) e Harrison Ford (como Branch Rickey, o executivo) estão ótimos, Harrison, aliás, fazia tempo que não interpretava tão bem.O filme, porém, não me agradou totalmente (e não gostei muito da atuação da esposa de Jackie). O primeiro problema é que esse tipo de história é recorrente no cinema e alguns clichês me aborrecem um pouco (incluindo a trilha sonora estilo “heroísmo”, “superação”): a direção de Brian Helgeland de lembra demais o estilo do Spielberg dos últimos tempos, típico de manipulação do público. O outro problema é que se trata de beisebol, um esporte que me é estranho (os americanos certamente vão adorar). Mesmo assim, as virtudes do filme superam os defeitos e com certeza vai fazer sucesso. 7,5