THE PROFESSOR AND THE MADMAN (O GÊNIO E O LOUCO)
Este é um filme de muitas virtudes, incluindo sua qualidade e equilíbrio: produção, direção, edição, trilha, arte, elenco e também a história, muitíssimo interessante e que tem uma temática central, mas em torno dela fatos que se transformam no fio condutor dramático e permitem inclusive ao ator Sean Penn apresentar talvez o maior desempenho de sua carreira. Ele está brilhante. O tema original diz respeito à realização de um ousado projeto na Londres do século 19, que foi o da elaboração do dicionário Oxford da língua inglesa (fatos reais, confirmados nos créditos finais). Talvez antes de ver o filme não tenhamos pensado em tudo aquilo que é necessário para se fazer um dicionário: simplesmente reunir em uma só coleção de livros todas as palavras possíveis de um idioma, com todos os contextos de sua existência, ramificações, origem, significados etc, com ilustrações e tudo o mais. Um universo de fatos a serem coletados e que a equipe encarregada – da qual participou o professor James Murray, personagem de Mel Gisbon, também com ótimo desempenho – se propôs a coletar, usando como artifício de pesquisa a próprio população, que acabou colaborando para a compilação e organização do trabalho. De todo modo, são fatos muito interessantes de serem conhecidos e acompanhados e que faz com que todos nós certamente passemos a valorizar mais ainda o trabalho daqueles que constroem um dicionário de línguas. Entretanto, o lado mais obscuro e forte do filme envolve o personagem de Sean, o qual que acaba tendo uma conexão com os fatos acima. Em função dele, a história nos revela, então, cores intensas, sombrias, doentias, corajosas, idealistas/obsessivas, surpreendentes (a culpa, a redenção e impotência)…sentimos ao longo do filme uma mescla muito grande e diferenciada de emoções, viajando por caminhos inesperados e sendo brindados por personagens absolutamente humanos e reais, interpretados por um elenco muito competente, onde também brilham Natalie Dormer (Margaery Tyrell de Game of thrones), Jennifer Ehle e Eddie Marsan e por um texto também muito rico, que valoriza e dá acabamento à obra. O diretor é o iraniano Farhad Safinia (Apocalipto). Emocionante, original, denso, superlativo. 9,5