Apesar de o título do filme ser excessivamente dramático e ao mesmo tempo vago, o filme trata da consolidação do nascimento do nazismo (embora esse termo não seja mencionado) -a partir de 1933, quando Hitler foi elevado a Chanceler da Alemanha e passou a ser o líder que muitos aguardavam- e seus efeitos nas pessoas e nas relações sociais/interpessoais. Mostra como era a vida antes de tal fato e contrasta com os acontecimentos posteriores, enfatizando os rompimentos, os rancores, o ódio e a segregação, as prisões e as mortes, pois grande parte dos jovens alemães foram quase que hipnotizados pela nova ordem, que prometia instalar uma nova Alemanha para todos, inclusive com um discurso com base na superioridade da raça ariana. A partir de uma pequena aldeia dos Alpes alemães presenciamos vários acontecimentos, que no caso possuem conotação mais ampla, ao mostrar o surgimento do fanatismo, da intolerância, o inferno do fim das liberdades individuais. Sob certo aspecto, é um filme assustador e tem o grande mérito de abordar a chegada do fascismo em todo o país quando estava em curso a Segunda Guerra Mundial, pois o filme foi feito em 1940, embora os EUA ainda não tivessem ingressado na guerra (o que só ocorreria no final de 1941, com o ataque japonês a Pearl Harbor). Naturalmente foi um filme proibido na Alemanha e com exibição restrita em diversos países, sendo claramente um libelo contra o totalitarismo. Os protagonistas são James Stewart e Margaret Sullavan (ambos muito bons), que no mesmo ano fizeram juntos a comédia romântica A loja da esquina, mas todo o elenco é harmônico e tem a presença de Robert Young (que muitos anos depois estrelaria na TV a série Papai sabe tudo) e Robert Stack (que mais tarde integraria o elenco de Os intocáveis na TV). É um filme que toma partido, mas segue essa linha com coerência e como já dito o faz corajosamente, pois em pleno desenrolar de uma guerra que durou de 1939 a 1945 e deixou marcas permanentes para toda a humanidade. 8,5
