SÓ A MULHER PECA (CLASH BY NIGHT)

Drama noir de 1952, dirigido por Fritz Lang (Metrópolis, Os corruptos, Um retrato de mulher, A gardênia azul) e interpretado por Barbara Stanwyck, Paul Douglas, Robert Ryan e Marilyn Monroe (entre outros), esta última em um dos seus primeiros trabalhos. Trata-se de um drama em que as atuações (de todo o elenco) e o imprevisível são seu ponto forte. Cria-se uma situação a partir do retorno ao lar de Mae Doyle (Stanwyck) e as consequências vão modificando a vida das pessoas e tornando a situação sem controle e até perigosa, sendo destaque os contornos feministas inseridos no roteiro. Na parte final do filme a tensão chega ao seu limite máximo e o espectador vira refém do enredo, que tanto pode caminhar em uma direção, quanto na outra. Não se sabe realmente o que vai ocorrer e quais serão os limites experimentados pelos personagens centrais. Mesmo assim, existe uma sensação em vários momentos de que estão faltando algumas conexões e um sentido mais harmônico. Com um título ridículo em português (pra variar) e feito só para atrair público, talvez não esteja entre os melhores da sua época, por um detalhe ou outro (incluindo a luta muito mal encenada), mas seu polêmico final enseja uma discussão importante sobre escolhas, arrependimento e principalmente sobre a necessidade de em nome de algo muito maior o homem dominar a sua vaidade e o seu próprio instinto de preservação. Méritos também na direção de Lang, em alguns diálogos afiadíssimos e na atuação de uma das maiores atrizes que o cinema já teve e que seguiu uma carreira invejável – inclusive incluindo as séries de TV Big Valley e Pássaros Feridos -, tanto em qualidade, quanto em longevidade (1932 a 1983): Miss Barbara Stanwyck. 8,4